Segunda emissão de títulos verdes rende US$ 2 bilhões com taxas menores – Economia – CartaCapital

“A palavra simples vem de simplicitas e significa estar sem dobras, sem pregas. As crianças quando nascem geralmente estão muito amassadas, muito enrugadas. Nós estamos cheios de dobras e é preciso toda uma vida para nos desdobrarmos, desenrugarmos, para nos tornarmos simples. Por exemplo, Picasso dizia que se leva muito tempo para se tornar jovem” – Jean-Yves Leloup

No limiar do novo ano, cabem algumas reflexões.

Em primeiro lugar, estamos entrando em zona nebulosa, internacionalmente.

A eleição de Trump não é alvissareira, ao contrário.

As primeiras demonstrações dele de xenofobia são extremamente preocupantes, seja ameaçando invadir o Canadá, tornando-o o 51º estado dos EUA, seja desejando ocupar novamente o Canal do Panamá.

A truculência da extrema-direita em política externa era conhecida e, portanto, esperada, mas o grau, certamente, surpreendeu todo e qualquer observador.

Pior, a Europa Ocidental, ao abrir mão da própria soberania, tornou-se um mero apêndice estadunidense.

Ainda mais grave, interpretou a eleição da extrema-direita nos EUA como carta branca para tentar reviver o pacto colonial.

Dessa forma, após o furacão que atingiu violentamente o arquipélago de Mayotte, possessão francesa no Oceano Índico, em 14 de dezembro, o presidente da França, ao visitar a ilha, foi vaiado e reagiu da pior forma, dizendo que os habitantes deveriam ser gratos à metrópole colonizadora por seus esforços.

Detalhe: o tal “departamento” francês (leia-se “colônia”) tem 77% de sua população abaixo da linha de pobreza!

Não é difícil imaginar quem vive às custas deles…

Os “cidadãos franceses” moram em “casas” de papelão e folhas de zinco, que sobem os morros, nada ficando a dever às piores favelas brasileiras. Teoricamente, têm direitos iguais ao demais cidadãos da França, que outrora fora pátria dos Direitos Humanos; atualmente, restringiu-os àqueles poucos que habitam a metrópole.

Por aqui, os neocoloniais também ficaram muito excitados em poder recolonizar Pindorama (a “Terra das Palmeiras”, para os povos originários).

Com efeito, para a Faria Lima e os jornalões adquiridos por ela, todo dia é 8 de Janeiro, é dia de golpe.

A especulação com o real ocorrida em dezembro nada mais foi do que isso: uma quartelada financeira, devidamente apoiada por Campos Neto, o presidente do Banco Central, que como o avô dele e todo membro da extrema-direita (ele votou com a camiseta da CBF, para deixar clara a ideologia que professa) vê a coisa pública, na verdade, como privada, inclusive a própria república, res publica, na etimologia latina.

Por isso, dela se locupletam em proveito próprio e, quando são obrigados a abandonar os cargos que ocupam, não saem pacificamente, como desastradamente demonstraram Bolsonaro, Braga Netto, Heleno etc.

Quem melhor percebeu que a especulação com o dólar era uma micareta golpista não foi um cientista político, um jornalista ou sequer um político, mas a cantora Daniela Mercury, de forma simples, clara e precisa.

Em São Paulo, onde fica a famigerada Faria Lima, o governador, também ele adepto da extrema-direita, está brindando paulistas, paulistanos e visitantes com doses diárias de veneno na água.

Ao privatizar a Sabesp, a empresa que “adquiriu” a empresa pública fechou cinco dos laboratórios regionais que analisavam a qualidade da água, mantendo apenas (“para inglês ver”) o da capital…

Ao lado disso, elevou as tarifas especiais de que gozavam hospitais e museus, afirmando, descaradamente, que não é seu papel o bem público.

Vale notar que a extrema-direita continua lendo Gramsci e aplicando suas teorias em proveito próprio, como o presidente da Argentina, genocida aplaudido pelo mercado e por organismos financeiros internacionais, deixa claro.

Na Alemanha presenciamos atentado terrorista que matou cinco pessoas, sendo uma criança, e feriu 200 outras, em uma feira de Natal na cidade de Magdeburgo.

O assassino: um cidadão saudita, xenófobo, islamofóbico e simpatizante da extrema-direita alemã (o partido neonazista AfD — “Alternativa para a Alemanha”).

Ou seja, a impregnação da ideologia da extrema-direita de forma tão brutal que faz com que um cidadão estrangeiro, oriundo de um país islâmico, cometa um atentado em nome de uma ideologia que abomina estrangeiros e muçulmanos, como ele e sua cultura.

No Brasil, quem não leu Gramsci ou não entendeu a prioridade de se disputar a hegemonia cultural ainda patina para entender por que os empobrecidos (que preconceituosamente são chamados de “pobres”) votam na direita.

Por outro lado, temos quem entendeu isso e busca esclarecer os que ainda vivem nas trevas.

Refiro-me ao deputado estadual pelo Paraná Renato Freitas, que, em brilhante entrevista, declarou: “O patrão não quer mais apenas a força de trabalho, ele quer moldar a forma como o trabalhador vê o mundo. Ele quer sua subjetividade”.

Assim como a chamada “grande” imprensa: ao noticiar a queda de avião no Cazaquistão, O Globo e O Estado de S. Paulo estamparam as fotos do desastre, dando como primeira informação que se tratava de aeronave da Embraer, quando já se sabia, com certeza, que fora intervenção externa que levara ao acidente, como ficou provado imediatamente a seguir.

No entanto, o afã em desqualificar tudo que seja público, como é a Embraer, faz com que toda oportunidade de propaganda sobreponha-se ao jornalismo e à verdade.

De fato, para os banqueiros nacionais e seus órgãos de guerra cultural todo dia é 8 de Janeiro.

Que este janeiro, porém, nos encontre mais seguros, mediante a prisão dos mentores e executores da tentativa de golpe de Estado de 8 de Janeiro de 2023.

Um Feliz Ano Novo de justiça e paz, a todas, todos e todes!

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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