Em meio à indefinição na direita sobre a corrida eleitoral de 2026, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), oficializou sua pré-candidatura à Presidência da República neste sábado 16. A cerimônia em São Paulo reuniu correligionários e nomes ligados ao bolsonarismo, como o ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol (PR) e o desembargador aposentado Sebastião Coelho.
Com o tema “2026: O ano mais importante das nossas vidas”, o evento ocorre no no estilo TED Talk, com painéis de 15 minutos voltados à discussão sobre segurança pública e reforma do Estado.
Natural de Araxá, no Triângulo Mineiro, Zema foi alçado à chefia do Executivo estadual em sua primeira eleição, em 2018, mesmo ano em que se filiou ao Novo. A campanha do empresário do ramo varejista ganhou destaque pelo discurso anti-PT e anticorrupção, duas bandeiras que voltaram a ser exploradas no evento deste sábado.
Ele tem 60 anos e graduou-se em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas-SP. Antes de chegar à política, atuava na gestão do Grupo Zema, conglomerado empresarial que opera em cinco ramos – varejo de eletrodomésticos e móveis, distribuição de combustível, concessionárias de veículos, serviços financeiros e autopeças.
Zema é o segundo governador da direita a se colocar como pré-candidato na disputa ao Planalto, em um cenário ainda nebuloso diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) e à indefinição de seu sucessor. Em abril, foi Ronaldo Caiado (União), de Goiás, quem se lançou ao posto.
Em seu discurso, o governador destacou melhorias de sua gestão em MG, criticou o presidente Lula e prometeu adotar medidas neoliberais caso seja eleito. “Existe um Brasil produtivo, moderno, à espera de um governo sério. Precisamos de um governo com nível de profissionalismo de empresas. É preciso que o governo pare de atrapalhar e de fazer regulamentações confusas”.
O político do Novo ainda disse que acabará com as facções criminosas que atuam no País e voltou a defender que o Brasil deixe o Brics, grupo de países emergentes de desenvolvimento econômico, político e social que também reúne Rússia, Índia, China e África do Sul. Também houve críticas ao que chamou de “abusos e perseguições” do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Mais cedo, um grupo de parlamentares de oposição divulgou carta na qual critica a “pseudocandidatura” de Romeu Zema. O texto é assinado pelo chamado Bloco Democracia e Luta, que classifica a gestão do mineiro como um “desastre camuflado por ‘lacrações’, às custas de uma pomposa e turbinada verba publicitária de 147 milhões de reais”.
Também há críticas no documeento à atuação do governador na segurança pública, citando como exemplo um corte de combustível para as viaturas policiais, e na saúde, ao barrar a destinação de 1 bilhão do combate à miséria no estado.
“Forjado por altos investimentos em publicidade e vídeos lacradores de redes sociais, construiu-se um personagem aparentemente eficiente, mas que é só um político cujo governo desonera empresários bilionários e condena o povo pobre a sofrer com políticas ineficazes”, diz o grupo.