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A indústria da saúde animal tem intensificado investimentos no bem-estar de suínos, uma prática que se tornou crucial para o sucesso da moderna suinocultura no Brasil. Além das considerações éticas, o bem-estar animal impacta diretamente a produtividade, a qualidade da carne e, consequentemente, a rentabilidade do produtor.

Um estudo de 2014, publicado pela Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, já demonstrava a relação entre a ausência de bem-estar e a perda de qualidade da carne. O estresse nos animais pode resultar em produtos inferiores, como as carnes dos tipos PSE – com textura pálida, mole e que perdeu água em excesso – e DFD – escura, firme e seca – , além de reduzir a vida útil dos produtos.

A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) define o bem-estar animal como a garantia de que o animal esteja saudável, bem nutrido, confortável, seguro, livre de dor e estresse, e que possa expressar seu comportamento natural.

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Inovação em saúde animal como resposta do mercado

Entre as inovações recentes, destaca-se uma vacina de dose única que previne os três principais patógenos que afetam suínos:

  • o circovírus tipo 2 (PCV2), que causa perda de peso e doenças respiratórias d feprodutivas;
  • o Mycoplasma hyopneumoniae, responsável por um tipo de pneumonia altamente contagiosa; e
  • a Lawsonia intracellularis, que provoca a ileíte.

Fernando Chucid, diretor da unidade de negócios de Suinocultura da MSD Saúde Animal, explica que “a ileíte é um processo de degradação do ílio, uma parte do intestino, que causa perdas severas de rendimento”. Essa infecção pode resultar em impactos econômicos significativos devido à diminuição no ganho de peso, diarreia e, em alguns casos, mortalidade. Além da menor produtividade de carne, a redução no rendimento de tripa gera prejuízos na produção de linguiças.

O lançamento dessa vacina três em um ocorreu no Simpósio Brasil Sul de Suinocultura 2025, em Chapecó (SC), que reuniu especialistas para discutir temas como sanidade, imunidade, nutrição, manejo e biosseguridade.

A nova vacina três em um: eficiência e menos estresse

Embora o mercado já ofereça vacinas eficazes para essas três enfermidades em doses separadas, a junção dos três imunizantes em uma única aplicação de dois ml visa não apenas a redução de custos, mas, principalmente, a valorização do bem-estar animal, diminuindo o desconforto e o estresse dos animais com menos injeções.

Em uma nova etapa de desenvolvimento, a fabricante estuda a possibilidade de adaptar o produto para um dispositivo de vacinação intradérmico, sem agulha, em substituição ao método intramuscular. Essa tecnologia, já empregada em outros imunizantes, é considerada o método mais avançado de aplicação para suínos, pois minimiza a dor, reduz o estresse e diminui os riscos de acidentes.

Concentração produtiva e o cenário da suinocultura no Brasil

Os esforços contínuos do setor de saúde animal e dos produtores para aprimorar o bem-estar e a sanidade dos rebanhos, impulsionados pela demanda de mercado e pela busca por maior eficiência, encontram um terreno fértil em regiões de alta concentração produtiva. A distribuição geográfica da suinocultura no Brasil evidencia a importância estratégica de determinadas áreas para o desenvolvimento e a implementação dessas boas práticas e inovações.

A Região Sul do Brasil, por exemplo, concentra 73% da produção nacional de suínos. Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) de 2024 indicam que Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul foram responsáveis por 73,13% da produção do setor no país. Das 46,6 milhões de cabeças abatidas no ano passado, 15,4 milhões (32,94%) vieram de Santa Catarina, 9,6 milhões (20,62%) do Paraná e 9,1 milhões (19,57%) do Rio Grande do Sul.

Do total produzido, aproximadamente três quartos da suinocultura brasileira abastecem o mercado interno, enquanto um quarto é exportado. O consumo per capita de carne de porco no Brasil tem crescido nos últimos cinco anos, saltando de 15,3 kg por habitante em 2019 para 18,6 kg por habitante em 2024, um aumento de 21,6%.

*O jornalista viajou a convite da MSD Saúde Animal

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