Você sabe que a rotina anda no limite quando a casa vira um quebra-cabeça de micro coisas: “onde eu deixei a chave?”, “qual era mesmo a marca do remédio do meu pai?”, “o que a professora pediu na reunião?”, “em que minuto do vídeo o técnico explicou o problema?”. Esse tipo de esquecimento não é falta de atenção — é excesso de vida acontecendo ao mesmo tempo. É nesse cotidiano que as câmeras vestíveis surgem para auxiliar em seu dia a dia. É o caso da Looki L1, uma câmera vestível com IA focada em registrar pequenos fragmentos do dia e tornar essas lembranças pesquisáveis depois.
A Looki, criadora da câmera, descreve a L1 como um wearable multimodal (capta imagem e som) pensado para “lifelogging” — isto é, registrar o dia a dia sem precisar pegar o celular toda hora. Em vez de gravar continuamente, ela propõe um modo de captura por trechos: no Story Mode, por exemplo, o dispositivo grava clipes em intervalos configuráveis de 30 segundos, 1 minuto ou 2 minutos, e o usuário pode pausar quando quiser. A promessa prática é simples: você não tenta “filmar a vida”; você coleta sinais do que aconteceu para poder voltar depois.
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O que compõe a L1
A L1 tem um pequeno corpo com lente e microfones, cabo de carregamento e acessórios de uso (como alça magnética). A loja oficial posiciona o preço em torno de 199 dólares e oferece extras como base de carregamento sem fio e clipe. Tecnicamente, a Looki L1 opera como um dispositivo em um colar: pesa cerca de 30 g, tem 32 GB de armazenamento interno, grava vídeo em 1080p a 30 fps e tira fotos em 4K, com conectividade Wi-Fi (2,4/5 GHz) e Bluetooth 5.0. Para um uso cotidiano (casa, rua, deslocamentos). Seu uso está focado nos benefícios para o dia a dia e não nas imagens cinematográficas.
O ponto mais sensível — e o mais relevante — é privacidade. A Looki afirma que todo conteúdo fica salvo localmente e só vai para a nuvem se o usuário decidir sincronizar; quando vai, a empresa diz usar infraestrutura da Amazon AWS. No suporte oficial, há ainda um detalhe importante para convívio em casa e em ambientes compartilhados: quando a gravação está ativa, a L1 usa uma “Trust Light” piscando para sinalizar visualmente que está captando. O manual do produto indica que esse aviso não pode ser desligado. Em outras palavras: para ser usável no cotidiano, não basta “funcionar”; precisa deixar claro para os outros quando está funcionando. É o mesmo procedimento que os óculos de IA utilizam, com uma luz de alerta.

A câmera Looki L1
Útil para quem usa
Uma câmera vestível pode ajudar a reduzir a carga mental de quem cuida de crianças, de idosos, de rotinas complexas — mas pode também criar atritos se virar “registro involuntário” de terceiros. Em família, isso passa por combinados (quando usar, onde não usar). Em trabalho, por regras claras. E em qualquer cenário, por uma pergunta simples: o benefício de lembrar depois compensa o risco de invadir a privacidade de outras pessoas?
Outro ponto é compreender que seu uso substitui câmeras de ação, como a Go Pro. A finalidade clara é gravar e acompanhar o dia a dia. Nada de subir montanhas e descer corredeiras. Fazer isso seria uma gambiarra tecnológica.
Câmeras como a Looki L1 conversam com um desejo bem contemporâneo: viver o momento sem perder o registro. A questão é fazer isso sem transformar o cotidiano em vigilância — e com consciência de que “memória aumentada por IA” só faz sentido quando o controle (e o respeito aos outros) continua na mão de quem age com responsabilidade.
