Após os impactos devastadores da construção da hidrelétrica de Belo Monte, os povos indígenas do XINGU enfrentam novas ameaças. O temor atual é que o Congresso reverta os vetos de Lula ao chamado PL da Devastação, fragilizando ainda mais a proteção ambiental. Jamil Chade viajou para a região de Altamira, no Pará, e mostra na reportagem de capa como essas comunidades seguem à margem das decisões sobre seus territórios. A flexibilização das normas ambientais insere-se em uma ofensiva mais ampla, iniciada com a aprovação do Marco Temporal em 2023. Outro sinal de alerta é o avanço do PL 6050, que propõe liberar Terras Indígenas para mineração, exploração de hidrocarbonetos e aproveitamento energético das águas. O cerco, articulado pelas bancadas do Boi, da Bala e da Bíblia, mantém a região em permanente tensão.
Com 47 milhões de visualizações em uma semana, o vídeo do influenciador digital Felipe Bressanim Pereira, conhecido como FELCA, denunciando a lógica perversa dos algoritmos que impulsionam conteúdos com menores sexualizados, conseguiu despertar os parlamentares de um sono profundo. Aprovado pelo Senado em dezembro de 2024, o Projeto de Lei 2628/22, que dispõe sobre a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais, dormitava nas gavetas da Câmara desde então. Diante da intensa repercussão da denúncia do youtuber, os deputados finalmente aprovaram a proposta, em regime de urgência, na quarta-feira 20.
Por ter sofrido modificações em sua redação final, o texto volta ao Senado, onde deve ser referendado com celeridade. Como relata a repórter Mariana Serafini, o “ECA DIGITAL”, como a iniciativa foi batizada, pode tornar a internet um lugar mais seguro para os menores, estabelecendo regras objetivas e ampliando as possibilidades de responsabilização – não apenas de pais, responsáveis legais e produtores de conteúdo, mas também das plataformas que hospedam, impulsionam e monetizam esse tipo de material.
Enquanto isso, nos EUA, diversas empresas parecem ter aderido à reação ANTI-WOKE liderada pelos fanáticos do movimento Make America Great Again (MAGA). Em sua nova campanha publicitária, a American Eagle, tradicional grife norte-americana, escalou a atriz Sydney Sweeney para reforçar os “great jeans” da marca – num evidente trocadilho com os “bons genes” que Donald Trump costuma trazer à baila.
Dias depois, a Dunkin’ embarcou na onda EUGENISTA com o comercial Golden Hour Refresher, no qual o ator Gavin Casalegno, jovem branco de olhos verdes, agradece à “genética” pelo seu invejável tom de pele. À repórter Clarissa Carvalhaes, a professora Shannon O’Brien, da Universidade do Texas, observa que a radicalização do discurso de Trump no segundo mandato abre espaço para o ressurgimento da teoria do mérito hereditário. “Ele legitimou, com sua posição de autoridade, aquilo que boa parte do país só murmurava. Ao recorrer à genética e à linhagem, ele promove a exclusão e corrobora a desigualdade sob a máscara da ciência.”
Boa leitura!
Publicado na edição n° 1376 de CartaCapital, em 27 de agosto de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Sob a Constante Ameaça da Bancada do Atraso’
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.