O publicitário Sidônio Palmeira, que assumirá na próxima terça-feira 14 a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, decidiu limar Brunna Rosa do comando Secretaria de Estratégias e Redes.
Sob o guarda-chuva da área funcionam divisões sensíveis, como o Departamento de Pesquisa e Análise e o de Canais Digitais. É, na prática, a equipe que dita o tom do governo nas redes sociais.
A decisão de substituí-la, inicialmente reportada por O Globo e confirmada por CartaCapital, marca uma guinada no tom e na direção da comunicação digital do governo.
Próxima da primeira-dama Janja da Silva, Brunna Rosa coordenou a comunicação digital da campanha presidencial de Lula (PT) em 2022. Atuou também no Dataprev, na EBC e na TV Band.
Antes mesmo de assumir formalmente a Secom, Sidônio Palmeira já dava os primeiros passos na montagem da nova equipe, de olho em experiências digitais de sucesso no campo progressista. Um dos exemplos mais marcantes é o do prefeito do Recife (PE), João Campos (PSB), reeleito no ano passado com expressivos 78% dos votos. Seus perfis nas redes sociais exibem um nível de engajamento que grande parte da esquerda não consegue alcançar.
Rafael Marroquim, o chefe do gabinete de comunicação da prefeitura do Recife, deve colaborar com a gestão federal — por ora, apenas informalmente.
Palmeira também mexeu no tabuleiro da Secretaria de Imprensa, substituindo José Chrispiniano, um veterano da comunicação de Lula desde 2011, por Laércio Portela, até então responsável pela Secretaria de Comunicação Institucional. O fotógrafo Ricardo Stuckert, outro escudeiro fiel, segue junto a Lula, mas deve perder autonomia sobre o perfil pessoal do presidente no Instagram.
Essas primeiras movimentações indicam que Sidônio terá de fato ‘carta branca’ para promover mudanças de grande monta na Secom. O aval é do próprio Lula, que não esconde sua insatisfação com a comunicação oficial nos últimos meses. Para Lula, o governo tem falhado em traduzir suas realizações para o público de maneira eficaz, um diagnóstico que fez parte do balanço de final de ano no Planalto.
Os primeiros exemplos do ‘segundo tempo’ da Secom já começam aparecem. Diante da boataria envolvendo uma falsa taxação das transações via Pix, a reação dos canais digitais do governo tem sido mais assertiva que o normal. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), protagonizou um vídeo desmentindo o caso.
Falando diretamente à câmera, Haddad rebateu os boatos com uma veemência que contrasta com seu tom usual. “Pessoal, vamos prestar atenção. Está circulando uma fake news que prejudica o debate público, prejudica a política, prejudica a democracia”, disse. “Essas coisas estão circulando e nem sempre as pessoas têm tempo de checar as informações. Essas coisas são mentirosas e, às vezes, eles misturam com uma coisa que é verdadeira para confundir a opinião pública.”