O Brasil registrou em 2024 quase 500 mil afastamentos por transtornos mentais, um aumento de 68% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Previdência Social. Esse cenário levou empresas a ampliar o foco na saúde mental dos funcionários, não apenas como prevenção ao burnout, mas como estratégia de negócio com retorno mensurável.
Dados recentes sustentam essa mudança. Um estudo da Aon com 929 empresas mostra que 75,2% delas já oferecem programas de saúde mental. A pesquisa da Wellhub, divulgada em 2025, aponta que 99% das companhias brasileiras que medem o ROI de suas iniciativas observam resultados positivos. Quase dois terços relatam retorno de pelo menos R$ 2 para cada R$ 1 investido.
Papel do RH
Para a presidente da ABRH-SP, Eliane Aere, a gestão de pessoas precisa assumir protagonismo nessa pauta. “Precisamos superar a ideia de que cuidar da saúde mental é apenas reagir ao burnout. O futuro das organizações passa por um olhar mais humano e integrado, em que o acolhimento, a segurança psicológica e a gestão emocional sejam incorporados à cultura”, afirma.
Segundo ela, a construção de ambientes psicologicamente seguros contribui para a retenção de talentos, o fortalecimento de vínculos e a inovação.
Pressão dos trabalhadores
As demandas dos funcionários confirmam a urgência do tema. A pesquisa State of the Global Workplace 2024, do Instituto Gallup, aponta que 46% dos trabalhadores brasileiros estão entre os mais estressados da América Latina. Outro levantamento, do Infojobs, mostra que 9 em cada 10 profissionais aceitariam mudar de emprego em troca de maior suporte à saúde mental.
Práticas adotadas
As empresas brasileiras já começam a traduzir discurso em ação. Iniciativas incluem círculos de escuta para normalizar conversas sobre saúde mental, adoção de métricas de bem-estar em KPIs e OKRs, e treinamentos para líderes que buscam transformar erros em aprendizado, reforçando a segurança psicológica das equipes.
Reflexão contínua
Para a ABRH-SP, o Setembro Amarelo deve ser mais do que um marco de conscientização. A associação defende que a data seja usada como ponto de partida para rever políticas e adotar práticas contínuas de cuidado. O objetivo é consolidar a saúde mental como parte da estratégia das organizações, com impacto direto na sustentabilidade dos negócios.