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Os funcionários da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), decidiram ampliar o movimento grevista iniciado no começo de outubro e farão uma paralisação de 96 horas a partir desta terça-feira (28). O objetivo é pressionar o governo federal por um reajuste que recomponha as perdas salariais acumuladas desde 2014, estimadas em mais de 20%.

O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região (Sintergia-RJ) confirmou que, caso não haja acordo até novembro, uma nova greve de 120 horas será deflagrada entre os dias 10 e 14. E se, até 17 de novembro, não for firmado um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) referente ao período 2025-2026, a paralisação será por tempo indeterminado.

A Gazeta do Povo tenta, desde a semana passada, obter um posicionamento oficial da EPE e do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) sobre a mobilização dos trabalhadores e aguarda retorno.

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A proposta da EPE prevê um reajuste de 4,26% nos salários e benefícios, equivalente a 80% do INPC acumulado, e aumento de 6,99% na assistência médica e odontológica. A empresa também propôs um auxílio mensal de R$ 678 para empregados com dependentes com deficiência e elevação do auxílio-creche para R$ 1.474,41 mensais. No entanto, os trabalhadores consideraram a proposta insuficiente e rejeitaram o acordo.

“Significa, na prática, a redução dos salários. Tal fato evidencia uma discrepância no tratamento dos empregados públicos em relação aos servidores do Executivo, Legislativo, Judiciário e militares, cujos reajustes estão na ordem de 9% pelos próximos dois ou três anos”, disse a comissão de negociação em nota.

Fontes ligadas às negociações afirmaram que a nova contraproposta dos trabalhadores foi entregue à empresa em reunião sem a presença de diretores, e que o documento será avaliado pela direção e pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), vinculada ao MGI. Um retorno oficial deve ocorrer apenas após essa análise.

Na semana retrasada, durante um evento no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), representantes dos trabalhadores entregaram pessoalmente à ministra Esther Dweck, do MGI, a pauta de reivindicações. Eles alertam que a paralisação impactar diretamente em atividades estratégicas do setor energético.

Uma greve prolongada pode comprometer o andamento de leilões de energia – incluindo o primeiro de baterias do país, previsto para dezembro – e afetar o próprio planejamento energético nacional. A EPE é responsável pela elaboração do Plano Decenal de Energia 2035 (PDE 2035) e do Plano Nacional de Energia 2055 (PNE 2055), considerados fundamentais para o futuro do setor.

A mobilização ocorre em um momento delicado para o governo, que busca fortalecer a imagem do país na pauta ambiental antes da COP 30. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é, ainda, pressionada pelo licenciamento para perfurar um poço para pesquisa de petróleo na chamada Margem Equatorial, na altura da costa do Amapá, a cerca de 500 quilômetros de distância da foz do Rio Amazonas.

“Falar em transição energética justa e democrática exige, antes de tudo, a valorização das pessoas que trabalham para viabilizá-la”, destacou a comissão.

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