O comércio eletrônico brasileiro movimentou R$ 204,3 bilhões em 2024, com crescimento de 10,5% sobre o ano anterior. O número de compradores online também avançou e chegou a 91,3 milhões, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Mesmo com o cenário positivo, muitos negócios digitais não conseguem bons resultados. De acordo com Hygor Roque, diretor de Marcas e Parceria da Uappi, erros estratégicos ainda comprometem o desempenho de grande parte das lojas virtuais.
E-commerce não pode ser canal secundário
Segundo Roque, um dos equívocos mais comuns é tratar o e-commerce como um canal paralelo.
Empresas que adotam esse modelo cometem falhas recorrentes, como ausência de investimento em tráfego, pouca atenção à experiência do usuário e falta de posicionamento claro da marca.
Para ele, o comércio eletrônico deve ser planejado como um negócio principal, com metas, estrutura e acompanhamento profissional.
Escolha da tecnologia afeta operação
Outro erro recorrente é a adoção de plataformas limitadas.
Na tentativa de economizar, muitas empresas escolhem ferramentas mais baratas que exigem diversas integrações para funcionar plenamente.
Essa decisão acaba aumentando o custo real da operação ao longo do tempo e reduzindo a eficiência da loja.
Falta de construção de audiência prejudica sustentabilidade
Muitas marcas concentram seus esforços em mídia paga e ignoram a criação de uma base própria de audiência.
Essa dependência reduz a previsibilidade das vendas e fragiliza o negócio.
Para Roque, o e-commerce exige estrutura de aquisição de clientes, planejamento de jornada e uma experiência de compra eficiente.
Custos ocultos reduzem conversão
A taxa média de abandono de carrinho no e-commerce é de 69,57%, segundo a Baymard Institute.
O principal motivo é a presença de custos extras inesperados, como frete elevado ou taxas adicionais.
Para evitar esse problema, o ideal é exibir o valor total da compra já na página do produto ou disponibilizar simuladores de frete antes do checkout.
Checkout deve ser simples e direto
Exigir que o consumidor crie uma conta para concluir a compra afasta potenciais clientes.
Oferecer a opção de finalizar o pedido como convidado pode melhorar a conversão.
Roque recomenda também a redução de campos obrigatórios no formulário, além da oferta de múltiplas formas de pagamento.
Informações mal estruturadas sobre produtos impactam decisões
Em ambiente digital, o consumidor não pode tocar no produto ou fazer perguntas diretas a um vendedor.
Por isso, é essencial que o site apresente imagens de qualidade, vídeos quando possível e descrições completas.
As informações devem esclarecer dúvidas comuns e destacar diferenciais técnicos. Quanto mais claro for o conteúdo, maior a chance de conversão.
Nem toda empresa está pronta para o e-commerce
Antes de lançar uma operação digital, é preciso avaliar a real demanda pelos produtos da marca no ambiente online.
Também é necessário verificar se a empresa tem estrutura para atender clientes em tempo real, gerir estoques e realizar entregas com eficiência.
A margem de lucro deve ser reavaliada considerando os investimentos exigidos. Mesmo com esses cuidados, erros de execução podem comprometer a rentabilidade do negócio.