A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) pediu ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o arquivamento do projeto de lei que anistia envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023.
A proposta, uma obsessão da bancada bolsonarista, está na Comissão de Constituição e Justiça.
Para Sâmia, o PL deve ser arquivado por ser inconstitucional e por evitar a responsabilização de quem atentou contra a ordem democrática.
“Ao contrário do defendido pelos entusiastas da proposta, sua eventual aprovação pelo Parlamento não conduziria a uma ‘pacificação nacional’, levando, ao contrário, ao incentivo de mais radicalização de grupos e/ou indivíduos com intenções antidemocráticas”, escreveu a deputada do PSOL.
O requerimento, publicado nesta sexta-feira 14, surge no momento em que Hugo Motta faz acenos aos bolsonaristas. Ele afirmou em 7 de fevereiro ter havido uma “agressão inimaginável” às instituições, mas rejeitou o intuito golpista por trás dos atos de 2023.
“Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, declarou. “Ali foram vândalos, baderneiros que queriam, com a inconformidade com o resultado da eleição, demonstrar sua revolta.”
Já na última terça-feira 11, Motta se reuniu com a esposa de um dos condenados por envolvimento nos ataques. Após a agenda, o líder da oposição, Coronel Zucco (PL-RS), afirmou que o presidente da Câmara foi “muito solícito à pauta”.
Trata-se da primeira rusga do campo progressista com Motta, eleito sucessor de Arthur Lira (PP-AL) em 1º de fevereiro com 464 votos, graças a uma robusta aliança, da esquerda à extrema-direita. O PSOL, porém, não o apoiou e lançou a candidatura de Pastor Henrique Vieira (RJ).