Um estudo inédito divulgado nesta terça-feira (15) pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), projeta uma revolução na mobilidade urbana de Salvador. A capital baiana poderá ampliar sua rede de transporte público coletivo de 64 km para 171 km até 2054 — um crescimento de 107 quilômetros em três décadas.
O levantamento faz parte da quarta edição do Boletim Informativo do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU) e indica que a cidade deve mais que dobrar o número de passageiros transportados por dia, passando de 648,6 mil para 1,35 milhão de pessoas. A proposta envolve expansão em diferentes modais, incluindo três quilômetros de metrô, 97 quilômetros de BRT ou VLT e sete quilômetros de corredores exclusivos para ônibus.
Além da capital baiana, outras 20 regiões metropolitanas foram analisadas em todas as cinco regiões do país, totalizando uma malha de 2.007 km de rede pública de transporte. Nesta etapa do estudo, foram avaliados 400 planos e projetos identificados na edição anterior do boletim. Desses, cerca de 200 projetos com foco em sistemas de transporte coletivo de média e alta capacidade (TPC-MAC) apresentaram viabilidade técnica e demanda suficiente para transformar a mobilidade urbana nos próximos 30 anos.
Entre os principais impactos previstos está o aumento significativo da população com acesso facilitado ao transporte público. Em Salvador, o percentual de moradores que vivem a até um quilômetro de um modal como metrô, VLT ou corredores BRT saltaria de 36,3% para 52,2%.
Atualmente, a capital já conta com projetos em fase de ampliação, como a futura linha 6 do BRT, que ligará a Estação da Lapa ao Aeroporto de Salvador, passando por vias como a Vasco da Gama, a Orla e a avenida Dorival Caymmi. O trajeto terá cerca de 30 quilômetros. Já o VLT terá uma extensão estimada de 36 quilômetros e contará com 34 paradas.
O próximo passo do estudo, previsto para ocorrer entre junho e agosto, será o detalhamento técnico dos quase 200 projetos viáveis. Essa fase incluirá estimativas de investimentos, custos, receitas, benefícios e análises econômicas e financeiras preliminares. Segundo o BNDES, o conjunto de informações permitirá um planejamento estratégico mais robusto para priorização dos investimentos por parte de estados e municípios.
Para o ministro das Cidades, Jader Filho, o estudo é essencial para garantir políticas públicas mais eficientes: “Estamos fortalecendo o planejamento urbano com base em dados concretos, que nos permitem identificar prioridades e orientar ações de médio e longo prazo. Nosso foco, com a mobilidade urbana, é tornar o transporte coletivo mais eficiente, dinâmico e sustentável, assegurando qualidade de vida à população”, afirmou.
A expectativa é que os projetos ajudem a reduzir desigualdades de acesso, otimizem deslocamentos diários e incentivem a adoção de meios de transporte menos poluentes, alinhando Salvador às principais tendências globais de mobilidade urbana.
