A proclamação da República do Brasil, que pôs fim ao regime monárquico em 15 de novembro de 1889, foi um evento marcado por peculiaridades que a diferenciam de todas as mudanças de regime na história da humanidade.

Conheça as principais curiosidade sobre os eventos que tornaram a data feriado nacional:

1. Revolução sem povo

Diferente da proclamação republicana de outras nações, a brasileira não representou uma revolução como as emblemáticas revoluções francesa e haitiana. Muitos historiadores consideram o episódio um golpe militar, liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca e um grupo de oficiais do Exército.

Documentos apontam que boa parte da população não soube, nos dias seguintes, que o regime havia mudado e que houve até quem perguntasse “Quem é esse tal de República?”.

2. Bandeira e nome inspirados nos ‘gringos’

Após a proclamação, a bandeira imperial foi substituída por uma provisória, inspirada na bandeira dos Estados Unidos, que durou apenas quatro dias. Em 19 de novembro de 1889, a bandeira atual foi oficializada, substituindo a coroa imperial pelo círculo com as estrelas e o lema “Ordem e Progresso”, como parte da transição do regime para a República.

Até o nome do novo país tinha um pé nos EUA: a primeira Constituição, de 1891, chamava o país de “Estados Unidos do Brazil”. O nome atual, “República Federativa do Brasil”, foi adotado apenas a partir da Constituição de 1967.

3. Nada de guilhotina: realeza é ‘convidada’ a se retirar

Diferente das revoluções que acabaram com a monarquia, no Brasil, o fim do regime dos reis ocorreu de maneira diplomática e amistosa.

A família Real portuguesa recebeu a notícia logo após a proclamação, com informe do novo governo solicitando a partida imediata de Dom Pedro II, então imperador, e de sua família.

O rei, que estava em uma casa de banhos na região Serrana do Rio de Janeiro, ainda teve tempo de deixar uma mensagem de despedida para o povo brasileiro, em que afirmou ter dado “constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século” à pátria “estremecida”. O imperador deposto ainda fez votos pela “grandeza e prosperidade” do povo brasileiro.

4. Uma República presidida por um monarquista: ‘pode isso, Arnaldo?’

O governo provisório teve como presidente o Marechal Deodoro da Fonseca, que era um conhecido defensor da monarquia e amigo pessoal de Dom Pedro II.

A insatisfação de militares e empresários brasileiros com os monarcas portugueses foi o empurrão para a república improvisada e Deodoro era uma figura vista pela opinião pública como herói da Guerra do Paraguai.

A proclamação da Leia Áurea que aboliu a escravidão sem indenização aos fazendeiros, uma forte crise econômica, a recente Guerra do Paraguai que causou milhares de mortos e pouco reconhecimentos da classe militar aparecem como principais motivadores da insatisfação.

5. Seis por meia-dúzia: café com leite

A república significou mudança de regime, mas o poder continuou nas mãos das oligarquias rurais, principalmente dos cafeicultores. Nesse período, o voto era aberto e as pessoas analfabetas, maioria da população, não podiam votar.

Também conhecida como a “República do Café com Leite”, a Primeira República (1889-1930) teve oligarquias de São Paulo e Minas Gerais alternando a presidência. A influência de ambos os estados na política nacional com acordos eleitorais chegou ao fim com a Revolução de 1930.



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