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Um representante do Swift, o principal sistema de integração bancária global, sinalizou que o órgão pode não atender a uma eventual sanção do presidente Donald Trump ao Brasil, como a suspensão do país destas operações. O recado foi dado pelo chefe global de Assuntos Corporativos da entidade, Hayden Allan, em uma reunião nesta quinta (12) com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.

O encontro foi realizado em Brasília em meio ao temor de que Trump imponha mais sanções financeiras ao Brasil com a aproximação do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. Uma das medidas poderia ser a suspensão do Brasil do Swift, como já ocorreu com a Rússia, excluída do sistema como punição pela invasão à Ucrânia.

“Tive excelente conversa com Hayden Allan, da Swift, que operacionaliza o maior sistema de integração bancária global. […] Hayden esclareceu que o Swift, sediado na Bélgica, segue o marco legal europeu e não está sujeito a sanções arbitrárias de países específicos”, disse Durigan em uma rede social.

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Ainda no encontro, Durigan diz ter ouvido de Allan que o Swift processa transações em outras moedas além do dólar e que vem aumentando a representatividade de países emergentes em seu conselho de administração. O uso de outras divisas em detrimento da moeda norte-americana é uma das principais bandeiras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no xadrez da geopolítica internacional, defendendo o uso de moedas locais em transações bilaterais.

“[Hayden Allan] explicou também que o sistema processa transações em múltiplas moedas e vem ampliando a representatividade de países emergentes em seu conselho de administração”, seguiu Durigan. O Swift conecta 11,5 mil bancos em mais de 200 países e territórios.

O “número 2” do ministério afirma, ainda, ter relatado ao representante do Swift que o Brasil “é um país soberano, democrático e autônomo”, e que “respeita todos os países e exige reciprocidade”. Também falou em defesa do multilateralismo – outra bandeira levantada por Lula desde que Trump iniciou a ofensiva de tarifas contra dezenas de países – e da “integração global”.

A sinalização de defesa do Brasil no Swift contra alguma medida de Trump ocorre num momento de dúvida sobre os efeitos da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Embora ele esteja proibido de realizar operações financeiras nos Estados Unidos, há o questionamento se instituições bancárias brasileiras também deveriam suspendê-lo dos seus sistemas.

Embora os bancos tenham sede no Brasil, eles fazem parte do Swift e, a depender de uma nova ordem executiva de Trump, poderiam ter as operações afetadas em transações que passam pelos Estados Unidos.

Moraes foi sancionado pelo governo norte-americano no final do mês passado por conta da condução de processos contra Bolsonaro e aliados, que os Estados Unidos veem como violação dos direitos humanos. A legislação prevê bloqueio de bens e propriedades do ministro nos Estados Unidos e proíbe os cidadãos americanos de realizar qualquer transação com os atingidos pela medida por tempo indeterminado.

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