O deputado italiano Angelo Bonelli, do grupo Alleanza Verdi e Sinistra, afirmou ter sido o responsável por repassar à polícia italiana informações sobre o paradeiro da deputada brasileira Carla Zambelli (PL-SP). Foragida desde junho, ela foi presa em Roma nesta terça-feira 29.
Agora, as autoridades italianas têm até 48 horas para decidir sobre soltura, extradição ou prisão domiciliar. Logo após a fuga da bolsonarista para o exterior, o Ministério da Justiça formalizou o pedido de extradição e a inclusão de Zambelli na lista de difusão vermelha da Interpol.
Em junho, Angelo Bonelli protocolou uma interpelação formal aos ministros das Relações Exteriores, da Justiça e do Interior da Itália cobrando uma posição do governo local a respeito de Zambelli. No documento, pedia esclarecimentos sobre uma possível colaboração com o Brasil no caso, para garantir o cumprimento da Lei nº 144/1991 — que rege o tratado de extradição entre os dois países.
Na semana passada, ele questionou em discurso no Parlamento a permanência da deputada na Itália. “O governo continua em silêncio sobre o caso Zambelli. Por que uma pessoa procurada e condenada no Brasil pode viver tranquilamente na Itália sem ser presa?”
O deputado italiano tem 62 anos e integra a cúpula do Aliança Verde-Esquerda, uma coligação que faz oposição ao governo da primeira-ministra Giorgia Meloni. Bonelli foi eleito em 2022 pelo distrito de Imola, na Emília-Romagna, e é secretário da Comissão de Meio Ambiente.
Ele iniciou sua trajetória na política local de Roma, foi eleito vereador do 13º distrito em 1990 e, posteriormente, serviu como presidente do distrito de 1993 a 1994. Sua atuação se expandiu para a esfera regional no Lácio, onde ocupou os cargos de conselheiro e assessor regional para o meio ambiente. Em 2006, foi eleito para a Câmara dos Deputados.
O parlamentar usa as redes sociais com frequência para se manifestar em defesa da Palestina e contra líderes de extrema-direita no mundo. Outras publicações enfatizam a preservação da Amazônia. Nas eleições de 2022, publicou uma foto ao lado de Marina Silva, atualmente ministra do Meio Ambiente, para declarar apoio a Lula (PT) na corrida pela Presidência.
A prisão de Carla Zambelli foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A bolsonarista foi condenada a dez anos de prisão por sua participação na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça.
Dias após a condenação, ela deixou o Brasil pela Argentina, passou pelos Estados Unidos e seguiu para a Itália. Chegou a dizer que seria “intocável” por possuir cidadania italiana.
Além da invasão a sistemas do CNJ, Zambelli está na mira do STF pelo caso da perseguição armada a um homem em São Paulo. Os ministros já formaram maioria pela condenação a cinco anos e três meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O caso, porém, está paralisado por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.