Protestos impulsionam PT na busca por frear o avanço bolsonarista no Senado – CartaCapital

Visto como algoz da extrema-direita e principal freio a projetos-bomba, o Supremo Tribunal Federal tornou-se inimigo preferencial do bolsonarismo. E, nessa batalha, o Senado se tornou a trincheira central: cabe à Casa Alta tanto dar andamento a processos de impeachment contra ministros do STF quanto aprovar ou rejeitar indicações do presidente da República.

Essa concentração de poderes num espaço considerado mais alinhado ao governo Lula (PT) alterou o cálculo político para 2026 e virou obsessão da extrema-direita. Jair Bolsonaro (PL) já chegou a dizer que com maioria no Senado iria “mandar mais que o presidente” em 2027. Não é exagero: com eventual domínio da Casa, o bolsonarismo controlaria o Congresso, presidências de comissões estratégicas, indicações para agências reguladoras e até a escolha do chefe do Banco Central.

Para o senador Beto Faro, do PT do Pará, o retorno do campo progressista às ruas pode mudar o jogo para 2026. Os atos contra a anistia e a PEC da Blindagem deram corpo à insatisfação de parte relevante da população contra os desmandos do consórcio Centão-bolsonarismo, resultando no enterro sumário da PEC e na inviabilização do perdão aos golpistas.

“Todo esses movimentos da extrema-direita conspirando nos Estados Unidos da América contra os interesses do Brasil e transformando principalmente a Câmara dos Deputados em aparelho das suas pautas indiferentes às pautas da sociedade brasileira recolocaram o povo no modo alerta”, diz.

Além do “fator surpresa” das ruas, o PT pretende acionar três frentes para conter o avanço bolsonarista: reforçar a comunicação na chamada “guerra digital”, mobilizar figuras-chave do partido e ampliar pontes com o campo democrático — a conhecida frente ampla.

O secretário de comunicação do PT, Éden Valadares, vê como principal desafio para o próximo pleito  aperfeiçoar a interação entre militantes, filiados e simpatizantes, formando comunicadores populares capazes de enfrentar a hegemonia bolsonarista nas redes.

“O desafio de defender nosso programa, nossos valores e princípios em um ambiente que se propõe público, mas são plataformas privadas”, diz.

Já o líder do governo no Senado, o ex-governador Jaques Wagner, avalia que não é tarefa apenas do PT frear a extrema-direita e que outros partidos podem e devem fazer um cordão de isolamento para evitar o ‘tumulto’ institucional que uma maioria golpista no Senado pode gerar.

“Em 2026 estarão em disputa duas cadeiras em cada estado, 54 ao todo. Então nós democratas temos que lutar – digo democratas e não apenas petistas, mas todos àqueles que defendem a democracia – para que a gente mantenha uma maioria e evite um processo de tumulto dentro da sociedade brasileira”, afirma.

Mapa partidário do Senado. Foto: Reprodução/Agência Senado

O mapeamento inicial do comitê eleitoral aponta que o PT lançará candidatos apenas em estados onde enxerga chances reais de vitória. Em outras regiões, a estratégia será negociar alianças. O partido não descarta parcerias que incluam centro e até centro-direita, desde que o compromisso seja claro: não embarcar nas pautas bolsonaristas.

Nos bastidores, já se fala no uso da popularidade de ministros como Fernando Haddad para alavancar candidaturas, ampliar visibilidade e criar musculatura na disputa pelo Senado.

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