Preocupação de primeira ordem da maior parte dos brasileiros, os preços dos alimentos seguem em alta. Em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o conjunto do grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,7%, após avançar 0,96% em janeiro.
O índice até ficou abaixo da média geral do IPCA, que fechou fevereiro em 1,31%. Mas, olhando a trajetória dos preços, a conta é cada vez mais alta para os brasileiros.
Alimentação e bebidas tiveram alta de 7,69% durante os doze meses de 2024, mas a alimentação em domicílio, elementar para o dia a dia da população, teve um encarecimento ainda mais significativo, de 8,23%.
Em fevereiro, dois itens que pesam cada vez mais na conta dos brasileiros ficaram ainda mais caros: o ovo de galinha subiu expressivos 15,39%, enquanto o preço do café moído avançou 10,77% (e acumulou elevação de 66,18% nos últimos doze meses).
Hortaliças e verduras também subiram acima da média em fevereiro (3,47%). O índice é semelhante ao de enlatados e conservas, que ficou em 3,47%.
Já a carne, cuja alta foi de 20,84% durante todo o ano passado, subiu apenas 0,08% em fevereiro.
Para Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, o aumento no preço do café se explica por problemas na safra. Já o aumento do ovo “se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos Estados Unidos e também pela maior demanda devido à volta às aulas”.
Além disso, segundo o especialista, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta. A relação direta entre crise climática e aumento nos preços dos alimentos não é uma novidade: a revista britânica Nature, por exemplo, já divulgou um estudo mostrando que eventos climáticos extremos podem aumentar os preços de alimentos, de forma definitiva, em até 3% ao ano até 2035.
Esse não é, porém, o único fator a explicar a alta que preocupa a população. Problemas de desvalorização cambial, com o avanço do dólar frente ao real, e as consequências da guerra na Ucrânia – um importante produtor de grãos – contribuem para a inflação local.
O governo Lula (PT), preocupado com a queda de sua aprovação, decidiu zerar a alíquota de importação para produtos como carne, café, açúcar, milho, azeite de oliva e sardinha. O presidente já indicou que poderia adotar “medidas drásticas”, mas ainda não forneceu detalhes.