
Após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou ao menos 132 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, o governo Lula (PT) enfrenta crescente pressão, inclusive interna, para decretar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no estado. No entanto, o Palácio do Planalto resiste à medida, avaliando que a presença das Forças Armadas nas ruas poderia agravar a violência e gerar forte desgaste político.
A avaliação de Lula e de seus principais ministros é que o uso da GLO – instrumento que autoriza militares a atuarem em tarefas de segurança pública – poderia transformar o Rio em um campo de guerra, com tanques e soldados enfrentando civis, e projetar para o mundo uma imagem de colapso. O presidente e sua equipe consideram que uma operação militar nesse contexto, marcado por denúncias de execuções e mais de uma centena de mortos, teria um custo humanitário e simbólico alto demais.
O tema foi debatido em reunião emergencial realizada na terça-feira 28 no Palácio do Planalto, com a presença do presidente em exercício Geraldo Alckmin, e dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Sidônio Palmeira (Secom). No encontro, o governo decidiu reforçar a cooperação policial e prisional, mas descartou o uso de militares.
Nos bastidores, interlocutores de Lula apontam que a GLO não resolveria o problema da segurança e poderia gerar novos confrontos e mortes, ampliando a crise. Além disso, o governo teme assumir a responsabilidade direta por eventuais abusos cometidos pelas Forças Armadas.
O governo federal busca alternativas: o reforço da inteligência policial, transferência de presos de alta periculosidade para presídios federais e apoio técnico e logístico às forças locais, sem protagonismo militar.
Enquanto a gestão Lula tenta conter a escalada de tensão, imagens de dezenas de corpos sendo levados por moradores às ruas do Rio de Janeiro seguem repercutindo no País e no exterior.
