A capital paulista é mais uma das cidades do Brasil e do mundo que realizam manifestações para exigir o fim imediato do massacre na Faixa de Gaza e a libertação dos ativistas detidos a bordo de uma flotilha humanitária sequestrada por Israel. Desde às 11h, um grupo iniciou a concentração em frente ao Museu de Artes Moderna (Masp), na Avenida Paulista. Pelo menos 16 atos acontecem neste final de semana no Brasil, alguns se estendendo até o início da semana.
Entre as centenas de pessoas que participam da mobilização, Soraya Misleh, dirigente da Frente Palestina São Paulo, ressalta que o ato é parte de toda a ampla mobilização que pede a libertação da Palestina. Mas hoje com o agravante das prisões dos ativistas da Flotilha Global Sumud.
“Passou da hora dos Estados nacionais tomarem ações mais efetivas e concretas em todo o mundo para isolar o Estado genocida de Israel. Estamos aqui para exigir a libertação dos brasileiros que estão no cárcere, nos solidarizar com todas as famílias e levantar mais uma vez a bandeira da Palestina livre, do rio ao mar e exigir a ruptura de relações de Brasil com Israel imediatamente”, disse.
Ela não acredita em mudanças com a proposta de acordo que levará o grupo militante Hamas a uma reunião com representantes dos Estados Unidos e de Israel, no Cairo, capital do Egito, neste domingo. “Apesar do ‘patrão’ Trump ter mandado parar imediatamente, Israel continua matando crianças e mulheres. Já morreram mais de 500 palestinos de fome. E ao mesmo tempo estão subjugando os ativistas do mundo inteiro, que estão nas masmorras de Israel conhecendo uma mínima realidade do que passam os milhares de prisioneiros políticos palestinos”, afirmou.
Vanessa Dias, coordenadora da Casa Marx de São Paulo e esposa de Bruno Gilga, porta-voz da delegação brasileira na Flotilha, defendeu que o governo brasileiro seja mais firme contra o genocídio dos palestinos e para exigir a libertação imediata de todos os brasileiros sequestrados por Israel. “Viemos exigir que o governo Lula garanta todas as condições de assistência aos presos. Lula precisa se posicionar publicamente sobre essa situação, isso é urgente. É preciso uma atuação muito mais firme para garantir a libertação dos presos e que o Brasil rompa definitivamente com o Estado genocida de Israel”, defendeu.

A assistente social Lilian Borges, também membro da Frente Palestina São Paulo, ressalta que é fundamental que o governo brasileiro rompa relações com Israel. “A gente entende que a situação já passou dos limites, são 77 anos de cerco ilegal de Israel sobre a Palestina e eles estão tentando aniquilar essa população. Precisamos pressionar o [presidente] Lula e o Itamaraty para que haja o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel”, afirmou.
Apesar do sol forte deste domingo, centenas de pessoas participam da mobilização em São Paulo. Edna Aguilar, membro do movimento Famílias em Resistência LGBT+ e do Núcleo Palestina do PT-SP ressalta que manifestar solidariedade é muito importante. “Venho em todas as manifestações pela Palestina, mas nessa em especial temos um grupo de brasileiros sequestrados, com quatro deles em greve de fome. Estamos muito preocupados com isso. É o mínimo que eu posso fazer em apoio aos sequestrados da Flotilha e em apoio à Palestina que sofre há décadas a colonização, o apartheid e também o genocídio”, disse.

Outros atos
Pela manhã deste domingo, também foi registrada uma manifestação pró-Palestina em Curitiba.

Fora do país, capitais europeias viveram cenários semelhantes. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas neste sábado (4), em todo o continente com as mesmas reivindicações.
“Somos todos palestinos!”, “Palestina livre!”, “Parem o genocídio!”, repetiam manifestantes em Roma, onde uma multidão tomou as ruas pelo quarto dia consecutivo. Os organizadores anunciaram 1 milhão de manifestantes e a polícia italiana citou 250 mil participantes. Em Madri participaram cerca de 92 mil pessoas; em Barcelona, outras 70 mil; e em Paris cerca 10 mil. Em Londres, a polícia reportou 355 prisões durante uma concentração em apoio ao grupo.
Manifestantes se reuniram também em Manchester, na Inglaterra, em Bangcoc, na Tailândia, Dublin (Irlanda), Berlim (Alemanha) e Genebra (Suíça).
Ainda hoje estão previstas manifestações em Porto Alegre, nos Arcos da Redenção, e em Florianópolis, na Praça da Luz, ambas a partir das 14h.

Acordo
Neste domingo, cresceram as expectativas para um novo acordo envolvendo Hamas e Israel. Representantes das duas partes tem encontro confirmado em Cairo, capital do Egito, nesta segunda-feira (6).
“O Hamas tem muito interesse em chegar a um acordo para pôr fim à guerra e iniciar imediatamente o processo de intercâmbio de prisioneiros”, afirmou um alto dirigente do grupo, neste domingo.
O encontro parte de uma proposta apresentada nesta semana pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que excluiu o Hamas das discussões.
Embora os termos do acordo tenham sido aceitos parcialmente por todas as partes desde sexta-feira (3) à noite, Israel seguiu atacando a Faixa de Gaza, matando 20 pessoas no sábado (4).