A ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento (MPO), afirmou nesta terça (12) que o pacote de ajuda do governo às empresas afetadas pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros será “no limite do necessário” e deve ser divulgado até quarta (13). A demora vem sendo fortemente criticada pelos empresários, que estão tomando medidas paliativas como férias coletivas de funcionários enquanto aguardam definição do Planalto.
O texto do pacote segue em discussão pelo governo e será tema de uma nova reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Fernando Haddad, da Fazenda, no final desta tarde.
“Estamos absolutamente conscientes que o impacto dele vai ser mínimo, único e exclusivamente no limite do necessário para não deixar nenhuma empresa pra trás. A demora está porquê não estamos apenas estabelecendo quais os setores que vão estar contemplados pelo contingenciamento [pacote de contingência]. Serão todos os setores que estão tendo prejuízos”, disse a ministra após um evento mais cedo em Brasília.
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Simone Tebet afirmou que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) está separando “empresa por empresa dentro de cada setor” para definir como será a ajuda. Ela afirmou que a reunião da noite de segunda (11) de Lula com seus ministros definiu alguns detalhes que ainda não estavam esclarecidos.
“Até porque as coisas estão acontecendo, estamos diante de uma negociação comercial entre dois países. Há interesses antagônicos e em comum”, completou.
Havia a expectativa de que o pacote tivesse sido divulgado na semana passada, no mesmo dia em que o tarifaço efetivamente entrou em vigor em 6 de agosto. No entanto, reuniões vêm sendo realizadas pelo governo para definir como será em ajuda.
Em paralelo, o governo também vem tentando reabrir os canais de negociação com os Estados Unidos. No entanto, os únicos avanços foram do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que é também ministro do MDIC, e de Mauro Vieira, chanceler das Relações Exteriores, com seus homólogos norte-americanos.
Já as tratativas entre Haddad e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, estão emperradas. Uma reunião remota que seria realizada nesta quarta (13) foi cancelada com a alegação de que houve um problema de agenda.
Haddad culpou a articulação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do jornalista Paulo Figueiredo pelo cancelamento, dizendo que estão agindo contra os interesses do Brasil. Eles negaram a suposta articulação com Bessent.