No encerramento do Fórum de Economia e Finanças Azuis, realizado neste sábado (8) em Mônaco, na França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou em defesa da preservação dos oceanos e cobrou ação concreta dos países desenvolvidos. “Ou nós agimos, ou o planeta corre risco”, alertou o mandatário brasileiro.
Na data que marca o Dia Mundial dos Oceanos, Lula criticou a disparidade entre as promessas ambientais e os recursos realmente disponibilizados pelos países ricos. Apontou que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14, voltado à conservação dos oceanos, é o menos financiado de toda a Agenda 2030, com déficit para implementação estimado em 150 bilhões de dólares por ano.
O presidente também condenou a redução da Assistência Oficial ao Desenvolvimento por parte das nações desenvolvidas. “Em 2024, países ricos reduziram em 7% a Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Suas despesas militares, em contrapartida, cresceram 9,4%.” Para Lula, essa diferença mostra que “não falta dinheiro. O que falta é disposição e compromisso político para financiar”.
Lembrando que os países do Sul Global dependem mais da economia azul do que as nações industrializadas, Lula defendeu o fortalecimento de instrumentos financeiros voltados ao desenvolvimento sustentável. Destacou ainda a urgência de desburocratizar o acesso a fundos climáticos e a necessidade de bancos multilaterais “melhores, maiores e mais eficazes”.
O presidente também fez referência a iniciativas multilaterais, como a adoção, pela Organização Marítima Internacional, de metas vinculantes para zerar as emissões de carbono na navegação até 2050, além da necessidade de concluir um instrumento jurídico internacional para acabar com a poluição plástica nos oceanos.
“Falta-nos concluir instrumento vinculante para acabar com a poluição por plástico nos oceanos e avançar na ratificação do novo tratado para a biodiversidade nas águas internacionais”, disse.
Ao falar do Brasil, Lula citou políticas em andamento, como o programa Bolsa Verde e a carteira de financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), voltada à economia azul, além de ações para recuperação de manguezais, recifes de corais, pesca sustentável e descarbonização da infraestrutura portuária. Segundo ele, a taxonomia de finanças sustentáveis lançada pelo país vai ajudar a orientar investimentos privados em projetos com impacto socioambiental.
Encerrando sua fala, Lula resgatou o conceito de “mutirão” para descrever esforços coletivos, e conclamou os países presentes a saírem da retórica e assumirem compromissos reais. “O planeta não aguenta mais promessas não cumpridas. Não há saída isolada para os desafios que requerem ação coletiva”, concluiu.