O que se sabe sobre o caso de agressão a professor em uma escola no DF – CartaCapital

Um professor foi agredido pelo pai de uma aluna em uma escola no Distrito Federal, na manhã da segunda-feira 20, após repreender a estudante por utilizar o celular em sala de aula.

O caso aconteceu no Centro de Ensino Médio 04 do Guará I. Câmeras de segurança registraram as agressões.

As imagens mostram o professor Emerson Teixeira sendo agarrado pela camisa e tentando proteger o rosto enquanto recebia socos do agressor, de 41 anos. O pai da aluna foi contido com uma “mata-leão” e levado ao chão. A estudante, que cursa o primeiro ano do Ensino Médio, chorava. “O que você fez, pai? Era só pra conversar”, disse a jovem. As agressões aconteceram na sala de coordenação, na frente de outros estudantes.

Em nota, a Polícia Civil do DF informou, com base no boletim de ocorrência, que o pai da aluna foi à escola após um desentendimento entre a filha e o professor quanto ao uso indevido do celular em sala de aula. De acordo com o documento, o autor das agressões entrou na sala de coordenação sem autorização, proferiu xingamentos e agrediu fisicamente o professor com socos e chutes, causando lesões na face, quebrando óculos de grau e danificando uma corrente.

O agressor chegou a ser detido em flagrante pela Polícia Militar e encaminhado à 4ª Delegacia de Polícia Civil, no Guará, mas foi liberado após prestar depoimento. O professor também forneceu esclarecimentos após realizar exames de corpo de delito no IML — segundo a polícia, ele manifestou interesse de acionar na Justiça o pai da estudante. O caso segue sob investigação.

Alunos relatam outra versão sobre o caso

Nas redes sociais, uma aluna que se diz amiga da adolescente envolvida no episódio afirmou que o docente vítima das agressões se autointitula “professor opressor”. Ainda de acordo com o relato, teria o hábito de gritar e de xingar os alunos, além de colocá-los em situações vexatórias.

No caso desta segunda, a estudante narrou que a amiga utilizava o celular em sala de aula por ter problemas de visão e por estar sem os óculos adequados devido a razões financeiras. O aparelho seria uma forma de a aluna conseguir copiar a lição exposta em lousa, e outros professores estariam cientes da situação.

Conforme o relato, a aluna teria sido repreendida com palavras de baixo calão, o que teria motivado o desentendimento na escola.

Uma lei sancionada pelo presidente Lula (PT) faz ressalvas sobre a proibição do uso dos celulares em sala de aula. Os aparelhos podem ser utilizados estritamente para fins pedagógicos ou didáticos, sob orientação dos profissionais de educação, em casos de perigo, necessidade ou força maior. O uso é permitido, por exemplo, para garantir a acessibilidade e a inclusão ou para atender questões de saúde dos alunos.

Professor já foi investigado por churrasco sobre Bolsonaro

Emerson Teixeira já foi alvo de uma apuração da Corregedoria da Secretaria de Educação do DF em 2018, depois de publicar nas redes sociais um vídeo em que participava, ao lado de estudantes, de um churrasco em comemoração à vitória de Jair Bolsonaro (PL) naquela eleição.

O docente usava uma camiseta com a mensagem “Bolsonaro presidente”. No vídeo, gravado em sala de aula, Teixeira dizia: “Hoje a Matemática não é importante”. Uma churrasqueira elétrica aparecia ligada no local.

CartaCapital pediu esclarecimentos à Secretaria de Educação sobre o desfecho do caso e aguarda resposta.

Professor também já foi alvo da PF no curso das investigações de atos golpistas

Em junho de 2020, Emerson Teixeira, então dono de um canal no Youtube chamado “Professor Opressor”, foi alvo de uma operação da Polícia Federal no curso das investigações sobre os atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal. Em 16 de outubro daquele ano, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra 21 pessoas em cinco estados e no DF.

Uma matéria publicada pela jornal O Estado de S. Paulo em outubro de 2020 informou que Emerson Teixeira conseguia um rendimento mensal de 11 mil reais com o canal.

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