A Polícia Civil de São Paulo informou não ter dúvida de que o autor do assassinato da adolescente Vitória Regina de Souza, encontrada morta em Cajamar, na região metropolitana da capital, é Maicol Antônio Sales dos Santos.
Segundo os investigadores, o rapaz confessou o crime e disse ter agido sozinho.
A apuração do caso, no entanto, ainda não terminou, segundo a Secretaria de Segurança Pública. A pasta aguarda o resultado de laudos e finaliza diligências para concluir o inquérito.
Confira o que se sabe e o que falta esclarecer:
Quais provas a polícia reuniu contra Maicol?
Além da confissão do suspeito, os investigadores apontaram que ele esteve na cena do crime, embora tenha negado no início.
Maicol chegou a dizer que no dia do crime estava em casa com a esposa, mas a mulher o desmentiu e afirmou ter dormido na casa da mãe em 26 de fevereiro, data do desaparecimento da adolescente.
Os policiais verificaram que Maicol comprou pela internet um capuz do tipo balaclava e o utilizou no crime. No curso da investigação, também identificarm, próximo ao local onde o corpo da jovem foi encontrado, uma pá e uma enxada, reconhecidas pelo padrasto de Maicol como pertencentes à sua casa, de onde haviam desaparecido.
A polícia revelou ainda que o suspeito armazenava 50 fotos de mulheres com perfil semelhante ao de Vitória. Na sequência, verificou se havia registros de desaparecimentos relacionados a essas mulheres, mas descartou a possibilidade de outras vítimas conhecidas. Ao perceber que estava no rol de suspeitos, Maicol apagou essas imagens, além de fotos de facas e um revólver, mas os investigadores conseguiram recuperar o material.
Por que a polícia acredita que Maicol agiu sozinho?
Segundo o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo, Luiz Carlos do Carmo, o perfil psicológico de Maicol reforça a tese de que ele não teve cúmplices. “Pessoas com esse perfil não costumam agir em grupo. Geralmente, são narcisistas, egocêntricas e controladoras, o que inviabiliza qualquer parceria criminosa. Na literatura criminológica, fica claro que ele agiu sozinho.”
O que disse Maicol em sua confissão?
Segundo os investigadores, Maicol admitiu ter esfaqueado Vitória, que morreu de hemorragia traumática em decorrência de facadas no tórax, no pescoço e no rosto. O homem afirmou ter queimado pertences da vítima, como roupas e objetos, após o crime. Também relatou ter colocado o corpo da adolescente no porta-malas de seu veículo, apanhado uma enxada e seguido até uma estrada de terra, onde abriu uma cova e enterrou o corpo.
O corpo de Vitória foi encontrado em avançado estado de decomposição em um sítio em Cajamar.
Conforme a apuração, há uma divergência entre o local onde Maicol disse ter deixado o corpo e onde ele de fato foi encontrado. Os investigadores acreditam que o rapaz tenha se confundido porque estava emocionalmente alterado. A perícia deve esclarecer essa contradição.
Como foi a dinâmica do crime, segundo a versão do suspeito?
Maicol disse que teve um relacionamento com Vitória há cerca de um ano e meio e que ela teria ameaçado contar à esposa dele. Acrescentou que na noite do crime foi esperar Vitória no ponto de ônibus, mas não a encontrou. Ainda de acordo com o suspeito, os dois se encontraram quando ela já estava a pé, a caminho de casa.
Segundo Maicol, Vitória concordou em entrar no carro dele, voluntariamente. O suspeito disse ter solicitado que ela não contasse nada à esposa dele e afirmou que naquele momento a jovem teria tentado agredi-lo. Conta ter se exaltado, apanhado uma faca que levava no carro e atacado Vitória.
Cabelo e mancha de sangue encontrados no carro e na casa do suspeito são de Vitória?
Uma perícia realizada no carro de Maicol, um Toyota Corolla prata, identificou um fio de cabelo e resquícios de sangue, que foram encaminhados para análise laboratorial a fim de confirmar a compatibilidade com a vítima. O resultado do laudo ainda não foi divulgado.
A polícia busca esclarecer se Vitória foi assassinada logo após ser sequestrada ou se permaneceu em cativeiro antes de morrer. Vestígios de sangue encontrados na casa de Maicol também estão sob análise.
Como ficam os suspeitos apontados pela polícia no início da investigação?
A polícia reavaliou a pecha de suspeitos de Gustavo Vinícius, ex-namorado de Vitória, e Daniel Lucas Pereira, morador da região. Os dois sempre alegaram inocência. No início da apuração, um “ficante” da vítima também chegou a ser tratado como investigado, mas não como suspeito. Com a confissão de Maicol, a Polícia Civil descarta, ao menos por ora, a participação de outras pessoas no assassinato.
Houve participação de membros do PCC no crime?
Também no início das investigações, um dos delegados responsáveis pelo caso chegou a dizer que havia “grande indício” de envolvimento do crime organizado na morte de Vitória, uma vez que a jovem foi encontrada morta com o cabelo raspado. “Há um crime de vingança, com certeza”, chegou a afirmar o delegado Aldo Galiano. Essa linha de investigação, contudo, também está descartada, ao menos até este momento.
O que diz o laudo do Instituto Médico Legal?
O documento, entregue à Polícia Civil, sustenta não haver sinais de violência sexual em Vitória. O laudo atestou que a adolescente morreu vítima de uma hemorragia traumática em decorrência de facadas no tórax, no pescoço e no rosto.