
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um apelo nesta quarta-feira 29 ao governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), para que a gestão estadual ajude a asfixiar financeiramente o crime organizado. Segundo o ministro, é preciso uma atuação conjunta para cortar o fluxo de dinheiro que alimenta as facções.
“Me parece que o governador não está inteirado da situação que está acontecendo no Rio de Janeiro deste ponto de vista, a julgar pela atuação nesse caso [operação que resultou em mais de 120 mortos]”, disse o ministro em entrevista a jornalistas. As falas são um dia depois que uma megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, ambos na cidade do Rio, que deixou mais de 120 mortos.
O ministro elogiou a decisão do Superior Tribunal de Justiça de suspender as operações da Refinaria de Petróleo de Manguinhos (Refit), no Rio de Janeiro, suspeitas de possuir elos com o Primeiro Comando da Capital, o PCC.
“Temos que operar para asfixiar o que irriga o crime organizado, o que abastece com recursos para compras de armamentos e financiamento do aliciamento da juventude. Essas práticas não serão interrompidas se não fizemos um trabalho no andar de cima e, para isso, precisamos da colaboração federativa. Não pode a Polícia Federal, a Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional agir em uma direção e o governo estadual na direção contrária“, afirmou.
Ainda conforme o ministro a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional vai procurar a gestão Castro para articular medidas conjuntas para combater o “andar de cima” do crime organizado. “Precisamos entender que isso não é um palanque eleitoral, é uma disputa contra o crime”, finalizou.
As falas de Haddad são em meio a uma troca de acusações entre a gestão estadual e o governo Lula (PT). Na terça-feira, Castro chegou a dizer que governo federal falhou em apoiar a operação desta terça – teoria rejeitada pelo Palácio do Planalto.
Em resposta às tensões, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, se reuniu com Castro nesta quarta-feira 29 e anunciou a criação do Escritório de Combate ao Crime Organizado para “eliminar barreiras” entre as gestões estadual e federal.
O órgão emergencial terá a coordenação do secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar Santos, em parceria com Mário Luiz Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública.
