
A saúde mental no trabalho tornou-se um dos temas mais urgentes da gestão de pessoas no Brasil. A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), publicada em 2024, inaugurou um novo modelo de responsabilidade corporativa ao determinar que empresas de todos os portes identifiquem, avaliem e gerenciem riscos psicossociais de forma contínua e baseada em evidências.
Para Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude — empresa referência em programas estratégicos de saúde mental corporativa —, a mudança representa um marco histórico. “A norma reconhece que fatores como sobrecarga, metas abusivas, assédio, insegurança, baixa segurança psicológica, falta de reconhecimento e estilos de liderança tóxicos são detonadores de adoecimento mental. E cuidar disso não é apenas boa prática, é uma obrigação legal”, afirma.
Adoecimento e presenteísmo em alta
Em 2024, mais de 472 mil brasileiros foram afastados do trabalho por transtornos mentais, o maior número já registrado pela Previdência Social. Dados da Vittude, com base em mais de 100 mil respondentes, indicam que 42% dos trabalhadores apresentam sofrimento mental moderado ou severo, com impacto direto na produtividade e no desempenho organizacional.
Além dos afastamentos, a executiva alerta para o avanço do presenteísmo — quando o funcionário está presente, mas emocionalmente esgotado. O Censo de Saúde Mental da Vittude revela que até 31% do tempo pago pelas empresas pode ser desperdiçado por profissionais em sofrimento emocional.
Gestão estratégica da saúde mental no trabalho
Segundo Tatiana Pimenta, a nova redação da NR-1 impulsiona uma virada de maturidade nas empresas, que passam a substituir ações pontuais por uma gestão preventiva e estruturada. “Cuidar da saúde mental é cuidar da performance. Empresas que adotam programas de saúde mental com diagnóstico, plano de ação, metas e capacitação de lideranças reduzem significativamente os índices de adoecimento, afastamento e turnover. É investimento, não despesa”, destaca.
A NR-1 também se alinha à Lei 14.831/24, que criou o selo de Empresa Promotora da Saúde Mental, reforçando que o cuidado emocional deixou de ser opcional. “A nova era da saúde mental já começou. As empresas podem reagir com resistência ou protagonismo. Quem escolher o segundo caminho estará em conformidade com a lei e construindo vantagem competitiva”, conclui Tatiana.
