
O presidente Lula (PT) afirmou neste domingo 9 que a segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental e que, por isso, a democracia sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvazia os espaços públicos, destrói famílias e desestrutura negócios.
As declarações foram proferidas em Santa Marta, na Colômbia, na abertura da 4ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a Celac, e da União Europeia.
“Não existe solução mágica para acabar com a criminalidade”, disse o petista. “É preciso reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas. O alcance transnacional do crime coloca à prova nossa capacidade de cooperação.”
Segundo Lula, nenhum país é capaz de enfrentar sozinho esse desafio. Por isso, prosseguiu, é necessário assegurar “ações coordenadas, intercâmbio de informações e operações conjuntas”.
“Foi com esse objetivo que renovamos o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, com a Argentina e o Paraguai”, afirmou. As menções à segurança pública ocorrem à luz da repercussão da operação deflagrada pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), oficialmente para conter a expansão do Comando Vermelho em comunidades da capital — 121 pessoas morreram na ação policial, em 28 de outubro.
Ainda em relação à segurança, o presidente declarou que a guerra entre Rússia e Ucrânia semeia a incerteza e destina a fins bélicos recursos essenciais para o desenvolvimento justo e sustentável. “A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais.”
A declaração é uma referência aos ataques norte-americanos contra supostas embarcações com drogas no Caribe e no Pacífico. Os bombardeios já deixaram quase 70 mortes.
“Precisamos enviar ao mundo um sinal de que duas regiões estratégicas como América Latina e Caribe e a Europa estão comprometidas com uma agenda promissora”, defendeu Lula. “Uma agenda de paz, cooperação, ampliação do comércio e dos investimentos, geração de empregos e crescimento sustentável. Fatores essenciais para construir um futuro inclusivo e repleto de oportunidades.”
O encontro Celac-UE, que em 2023 aconteceu em Bruxelas, começou com uma participação reduzida e sob a sombra da ofensiva do governo de Donald Trump no Caribe e no Pacífico.
“Compartilhamos os mesmos valores, acreditamos no Estado de direito e na democracia”, disse Kaja Kallas, vice-presidente da Comissão Europeia, ao chegar ao evento. “Apenas é possível recorrer à força por dois motivos: seja em legítima defesa ou em virtude de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.”
Kallas viajou à Colômbia para representar o bloco após o cancelamento de última hora da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, também participam da reunião.
