Não dá pra explicar Lei Rouanet para quem não assimilou a Lei Áurea – CartaCapital

O ator Wagner Moura voltou a disparar críticas contra a direita por ataques ao cinema nacional e a leis de incentivo à cultura no Brasil. Na conversa exclusiva com CartaCapital durante a exibição do filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o artista também mencionou a escalada autoritária nos Estados Unidos desde a volta de Donald Trump ao poder.

“Esse ataque que a direita faz é muito cansativo, é muito primário. Não é importante que um filme brasileiro viaje?”, questiona. “O filme brasileiro gera emprego, renda e movimenta toda uma indústria. Ninguém vem falar de incentivo fiscal para o agronegócio. Ninguém reclama de incentivo fiscal para a indústria automobilística. E, proporcionalmente, elas geram menos empregos que a indústria do cinema. Essas coisas que me chateiam”, destaca.

“Tem muita gente que fala essas coisas – ‘Lei Rouanet…não sei o que lá’ – porque não entende, porque não sabe, porque é ignorante. Um amigo me disse certa vez o seguinte: ‘eu não posso explicar a Lei Rouanet para quem não assimilou a Lei Áurea ainda’. Então essa ignorância eu até entendo, mas tem gente que faz por má-fé”, reclama Wagner. “Tem gente que sabe exatamente como funciona [a Rouanet] e para o que ela serve, sabe o tanto de emprego e renda que [os incentivos] geram e, mesmo assim, escolhe, de uma forma desonesta, mentir”, completa.

O artista ainda contou o cenário que tem visto nos Estados Unidos, país onde vive parte do ano e mantém uma consolidada carreira no cinema, desde que a extrema-direita voltou ao poder com Trump. “O que eu vi mais pragmaticamente é o ICE [serviço de imigração] tratando os imigrantes de uma forma como se fossem bandidos. Parece um negócio meio fascista mesmo, eles vão de máscara em escolas, igrejas e é uma discriminação racial”, relata.

Wagner lembra, por exemplo, do caso da cineasta brasileira Bárbara Marques, detida durante o processo de obtenção do visto permanente. “Ela sofreu uma emboscada: chamaram para regularizar o visto e prenderam. É um estado meio de exceção”, diz. “Eu vejo uma clara escalada autoritária nos EUA. O rapaz bolsonarista nos EUA disse que, porque eu digo isso, iria mandar tomar meu visto. Eu digo: pode tomar”, dispara, em seguida.

Confira a entrevista na íntegra no canal de CartaCapital no YouTube:

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