A ironia de Moraes sobre o entreguismo bolsonarista no julgamento do golpe – CartaCapital

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quinta-feira 9 a destituição dos advogados dos réus Filipe Martins e Marcelo Câmara, réus do ‘núcleo 2’ da trama golpista, acusados de organizarem ações para “sustentar a permanência ilegítima” de Jair Bolsonaro (PL) no poder, em 2022.

Em despacho assinado nesta quinta-feira, o magistrado apontou que a defesa dos investigados teria atuado para atrasar o andamento da investigação. A decisão foi tomada após os defensores dos dois acusados deixarem de apresentar as alegações finais dentro do prazo legal, mesmo após terem sido intimados.

Para o relator, o comportamento das defesas foi “absolutamente inusitado”. No documento, ele ainda apontou suposta litigância de má-fé e tentativa de procrastinação do processo, sem justificativa plausível.

“Configura-se abuso do direito de defesa, com clara manobra procrastinatória”, escreveu Moraes. Com a destituição, a Defensoria Pública da União foi designada para assumir as defesas dos réus e apresentar as alegações finais.

O ministro também citou em sua decisão alguns precedentes do próprio STF e do Superior Tribunal de Justiça para justificar a destituição dos advogados e a atuação de defensores públicos como forma de garantir o andamento regular do processo.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Filipe Martins, composta pelos advogados Jeffrey ChiquiniRicardo Scheiffer Fernandes, para comentar a decisão.

Em nota, Eduardo Kuntz, que ao lado de Jorge Felipe OliveiraDiego Godoy GomesChristiano Kuntz defendem Câmara, disse que adotará as providências cabíveis para permanecer nos autos, no exercício intransigente da independência
profissional, com respeito às Garantias Constitucionais e pela Corte.

“Registra-se, ainda, publicamente, que as alegações finais serão apresentadas até o dia 23.10, contando-se 15 (quinze) dias da juntada do documento, ainda que incompleto”, disse.

O processo em questão envolve, além dos dois ex-assessores de Bolsonaro, o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques, o general Mário Fernandes e Marília Ferreira Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça sob Anderson Torres. Este seria o grupo responsável pelo gerenciamento e coordenação das ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas.

Alguns dos réus são acusados, inclusive, de atuar no planejamento do Punhal Verde e Amarelo, plano que previa assassinar o ministro do STF, Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).

Todos já apresentaram suas alegações finais, com exceção de Câmara, cujo pedido de reabertura de prazo foi negado por Moraes. Em setembro, a Procuradoria-Geral da República já havia apresentado suas alegações finais, defendendo a condenação dos reús. O passo seguinte é o agendamento do julgamento no Supremo.

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