Modelos de liderança que vão moldar empresas na era da IA – CartaCapital

A liderança passa por mudanças aceleradas diante do avanço da inteligência artificial, da reorganização das cadeias globais e das pressões socioeconômicas. Empresas enfrentam um ambiente em que tecnologia, dados e fatores sociais influenciam diretamente decisões estratégicas e estruturas de poder.

Nesse contexto, o modelo tradicional de comando perde espaço. Em seu lugar, surgem práticas de liderança que articulam tecnologia, ética e leitura social. A avaliação é de Renato Trisciuzzi, especialista em liderança e auditoria, doutor em administração e autor de “Os 4 pilares da liderança imbatível”.

Segundo ele, a liderança dos próximos anos será definida pela capacidade de compreender a interação entre negócios, sociedade e tecnologia. “A eficiência isolada deixa de sustentar relevância institucional. O dirigente precisa interpretar dados, riscos e impactos sociais ao mesmo tempo”, afirma Trisciuzzi.

Liderança orientada por inteligência artificial

A liderança passa a exigir domínio da inteligência artificial aplicada à gestão. O uso de algoritmos deixa de ser restrito à automação e passa a integrar processos decisórios com responsabilidade. Isso envolve leitura de vieses, governança de dados e avaliação de impactos sociais da tecnologia.

Assim, gestores precisam garantir transparência e rastreabilidade em decisões compartilhadas entre humanos e sistemas digitais.

Regeneração como lógica de gestão

Em paralelo, práticas ESG avançam para modelos regenerativos. A gestão deixa de focar apenas na redução de impactos e passa a estruturar iniciativas que restauram recursos e fortalecem relações comunitárias.

Com isso, indicadores financeiros convivem com métricas sociais e ambientais nas decisões de médio e longo prazo.

Fim do líder infalível

O perfil do dirigente centralizador perde espaço. Ganham relevância líderes que reconhecem limites, expõem incertezas e compartilham decisões com os times.

Essa postura amplia a confiança interna e reduz ambientes baseados em controle excessivo, favorecendo participação e corresponsabilidade.

Liderança e inteligência coletiva

Modelos inspirados em inteligência coletiva passam a integrar a liderança corporativa. Estruturas rígidas são substituídas por redes interconectadas, com autonomia distribuída entre equipes.

Empresas que adotam squads descentralizados e decisões orientadas por dados conseguem responder com mais rapidez a cenários de instabilidade.

Gestão frugal e ciclos curtos

A volatilidade econômica reforça práticas de experimentação contínua. Líderes passam a operar com ciclos curtos, testes frequentes e uso racional de recursos.

Nesse formato, erros são tratados como parte do aprendizado organizacional, contribuindo para ajustes constantes nos processos.

Integração entre gerações no trabalho

A convivência de múltiplas gerações exige novas formas de coordenação. Em vez de segmentar equipes por idade, a gestão promove trocas entre experiência acumulada e repertório digital.

Essa integração amplia a capacidade de adaptação e reduz conflitos internos relacionados a linguagem e métodos de trabalho.

Liderança e saúde mental no ambiente digital

Com a hiperconexão, cresce a necessidade de dirigentes atentos aos efeitos psicológicos da tecnologia. A liderança passa a incluir gestão da sobrecarga cognitiva e prevenção do esgotamento.

Ambientes digitais saudáveis, estruturados com base em evidências, tornam-se parte da organização do trabalho.

Para Trisciuzzi, “a liderança que se consolida reflete a complexidade do ambiente atual”. A liderança, nesse cenário, já orienta escolhas estratégicas e redefine como empresas se organizam diante da inteligência artificial e das demandas sociais.

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