Milhares de fiéis, chefes de Estado e de governo prestam última homenagem a papa Francisco no Vaticano

Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram na manhã de sábado 26, em Roma, para o funeral do papa Francisco, poucos minutos antes do início da missa. Diversos telões também foram instalados nos arredores do Vaticano para a transmissão da cerimônia, celebrada pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.

Como o acesso à praça de São Pedro foi aberto pouco depois das 6h no horário local (1h em Brasília), muitos fiéis chegaram de madrugada para tentar conseguir um lugar, alguns levando bandeiras nacionais, outros segurando uma foto do “papa dos pobres”. A celebração começou em torno das 10h (5h pelo horário de Brasília). O caixão foi levado por homens de dentro Basílica de São Pedro para a frente do altar. Em seguida, um evangelho aberto foi colocado sobre o caixão.

O acesso ao Vaticano foi controlado por um forte esquema de segurança, com centenas de agentes da polícia do Vaticano e os Carabinieri italianos e monitoramento semelhante ao de um aeroporto, incluindo scanners de raio-x.

Uma zona de exclusão aérea foi estabelecida sobre Roma e unidades antidrone foram mobilizadas com bloqueadores. Caças também estão prontos para decolar e atiradores estão posicionados nos telhados.

O esquema corresponde ao número importante de delegações estrangeiras, com 12 monarcas, 52 chefes de Estado e 14 chefes de Governo. A posição das autoridades segue a ordem alfabética do nome do país em língua francesa, segundo o protocolo.

Além do secretário-geral da ONU, António Guterres, o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer também estarão presentes pela Europa. O presidente russo, Vladimir Putin, que está sob um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), delegou sua ministra da Cultura, Olga Lyubimova.

A América do Sul, continente natal de Jorge Bergoglio, é representado pelos presidentes argentino, Javier Milei, e o brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhado pela primeira-dama Janja.

Também estão presentes representantes de monarquias europeias como o rei Philippe e a rainha Mathilde da Bélgica, o rei Felipe VI e a rainha Letizia da Espanha, o príncipe William de Gales representando seu pai Charles III, o príncipe Albert II de Mônaco e sua esposa Charlene.

Homilia

Na homilia, o cardeal Re lembrou da última imagem do papa Francisco no domingo passado, depois da missa de Páscoa, quando o pontífice, apesar dos graves problemas de saúde, deu a sua bênção da sacada da Basílica de São Pedro. Depois, ele desceu para a praça para saudar, no papamóvel aberto, a multidão reunida para a missa.

O cardeal falou do vocabulário característico de Francisco, sua linguagem rica em imagens, metáforas, e sua espontaneidade. Ele destacou os gestos do papa a favor dos refugiados e deslocados, além de seu constante trabalho pelos pobres.

O cardeal também destacou os diversos apelos pela paz que fez o pontífice argentino. “Diante da fúria das muitas guerras destes anos, com horrores desumanos e com incontáveis mortes e destruição, o Papa Francisco incessantemente implorou paz e apelando à razão, à negociação honesta para encontrar soluções possíveis porque a guerra é sempre uma derrota trágica e dolorosa para todos”

250 mil pessoas 

Nesta semana, mais de 250.000 pessoas esperaram por horas para prestar suas homenagens diante dos restos mortais do líder de 1,4 bilhão de católicos, velado sob o teto dourado da Basílica de São Pedro.

Em todo o mundo, missas e vigílias são realizadas em homenagem ao pontífice. Em Buenos Aires, capital argentina onde Jorge Bergoglio nasceu em 1936, uma missa ao ar livre será celebrada no sábado.

A celebração reflete a popularidade do papa defensor da paz, dos migrantes e dos marginalizados.

No final da missa, o caixão será escoltado até a Basílica de Santa Maria Maior, no centro de Roma. Foi neste santuário do século V, que já abriga os túmulos de sete papas, que Francisco escolheu ser enterrado.

Um grupo de 50 pessoas carentes estará presente em sua chegada aos degraus da basílica, anunciou o Vaticano, lembrando que os pobres tiveram um lugar privilegiado “no coração e no magistério do Santo Padre, que escolheu o nome Francisco para nunca esquecê-los”.

Situado em um pequeno nicho próximo ao altar dedicado a São Francisco, o sóbrio túmulo de mármore terá apenas a inscrição “Franciscus”, Francisco em latim.

Após a celebração do funeral, todos os olhares se voltarão para os 135 cardeais eleitores — com menos de 80 anos — convocados para o conclave para escolher o sucessor do papa Francisco nas próximas semanas, a portas fechadas na Capela Sistina.

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