A crise do metanol misturado em bebidas alcoólicas provocou mudanças no consumo em bares e restaurantes de São Paulo. Segundo um estudo da Zig, empresa especializada em pagamentos em baladas, houve uma forte redução no consumo de destilados e um aumento expressivo na preferência por cerveja e vinho entre os paulistanos.
O levantamento analisou 393 mil pedidos feitos por 110 mil consumidores em 371 estabelecimentos da capital. Os dados revelam que o consumo de espumantes cresceu 58%, o de vinhos aumentou 36%, e as bebidas prontas para beber subiram 29%. A cerveja, que já liderava o mercado, ampliou sua participação de 47% para 68% — um crescimento de 7%.
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Por outro lado, o consumo de destilados despencou 70%. As maiores quedas foram registradas no gim (-77%) e na vodca (-71%), seguidos pelo uísque. Essa retração provocou uma queda de 27% no faturamento total dos estabelecimentos, refletindo o impacto econômico direto da crise do metanol.
“O público reagiu rapidamente às restrições, trocando os drinks clássicos por cervejas, vinhos e bebidas prontas”, afirmou David Pires, fundador da Zig.
Mulheres e jovens foram os mais impactados
O estudo mostra que a crise do metanol em bebidas afetou especialmente mulheres e jovens entre 18 e 24 anos, grupos que tradicionalmente consomem mais drinks com destilados. As quedas foram de 20% entre mulheres e 25% entre os jovens.
De modo geral, o número de consumidores únicos caiu 15%, e o ticket médio sofreu uma redução de 13%, passando de R$ 118 para valores menores.
Os horários de pico — entre 22h e 2h — tiveram retração de 28%, enquanto o movimento após as 2h caiu 35%. O sábado, dia de maior faturamento no setor, apresentou queda de 33%.
Casas maiores e bairros nobres sentiram mais o impacto
Os bares e baladas de maior porte, localizados em bairros como Itaim, Vila Madalena e Morumbi, foram os mais afetados, segundo a Zig. Essas regiões concentram o público que mais consome drinks e destilados, o que explica a forte retração nas vendas.
Além disso, o consumo de energéticos caiu 34%, evidenciando a relação direta entre o uso de energéticos e bebidas alcoólicas nos estabelecimentos paulistanos.
A crise do metanol segue impactando o setor de bares e restaurantes em São Paulo, e os dados indicam que a recuperação ainda depende da retomada da confiança do consumidor em bebidas destiladas.