
As Marcas regionais ganharam dimensão econômica relevante fora dos grandes centros urbanos. Um estudo inédito do Cenp, desenvolvido em parceria com a Troiano Branding, aponta que empresas com forte atuação local movimentam R$ 1,34 trilhão por ano, valor equivalente a mais de 10% do Produto Interno Bruto do país.
A pesquisa “Brasil Plural” analisou 370 empresas distribuídas em 11 estados — Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul — e mapeou a interação dessas marcas com consumidores e comunidades em seus territórios de origem.
Marcas regionais e identidade de consumo
O levantamento mostra que marcas nacionais e locais ocupam espaços distintos na percepção do consumidor. Enquanto as empresas de alcance nacional tendem a ser associadas a modernidade e tendências amplas, as marcas regionais ativam referências de origem, proximidade e pertencimento.
Segundo o estudo, esse vínculo cria uma relação mais íntima com o público, fortalecida por símbolos culturais e hábitos locais. A pesquisa indica que esses dois universos não disputam o mesmo espaço simbólico, mas operam de forma complementar.
Metodologia e leitura cultural
Para identificar essas percepções, o estudo utilizou a metodologia Zmet, que analisa metáforas e imagens para acessar camadas profundas do comportamento de consumo. Os resultados mostram que autenticidade e proximidade, atributos associados às marcas regionais, convivem com a escala e a projeção das marcas nacionais.
Essa combinação amplia a capacidade do mercado de atender diferentes expectativas e reforça a diversidade de estratégias comerciais no país.
Setores com maior presença local
Entre os segmentos com maior número de marcas regionais, destacam-se alimentos e bebidas, com 58 empresas, varejo alimentício, com 44, e agronegócio, com 64. Esses setores apresentam forte conexão com economias estaduais e influência direta sobre hábitos de consumo.
O estudo destaca 22 marcas com impacto econômico e simbólico relevante, reunindo empresas de atuação nacional e negócios regionais consolidados, classificados segundo presença territorial e influência cultural.
Valor econômico e simbólico
Para Eduarda Camargo, CGO da Portão 3 (P3), investir em identidade local ultrapassa a lógica do marketing. Ela afirma que compreender comportamentos regionais reforça economias locais e cria relevância cultural, ao mesmo tempo em que gera valor econômico mensurável.
A pesquisa conclui que reconhecer a diversidade regional é fator estratégico para competitividade e inovação. Em um país marcado por diferenças econômicas e culturais, entender o papel das Marcas regionais é parte central da leitura sobre consumo e desenvolvimento econômico no Brasil.
