A maior parte da população brasileira quer que o governo federal avance em uma regulação das atividades das empresas de apostas esportivas online, conhecidas como bets. Esse desejo se deve ao fato de que a maioria da população não confia nas ‘bets’ e se diz contrária às apostas esportivas.
As conclusões são da nova pesquisa Radar Febraban, elaborada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), com apoio da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) e da própria Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Feita com dois mil entrevistados, a pesquisa indicou o tamanho do volume de apostadores no País: 40% dos que responderam ao levantamento disseram que, hoje em dia, jogam ou têm alguém na casa que joga em bets. Outros 21%, embora afirmem que não joguem mais, disseram que já jogaram.
Entre os entrevistados, 59% disseram que o governo deve intervir “fortemente” na regulamentação e fiscalização das apostas esportivas online. Outros 19% acham que o governo deve atuar para conter o avanço desenfreado da atividade, “mas de forma moderada”. Já os que acham que o governo não deve intervir somam apenas 11%, enquanto os que acham que a forma atual de regulação é suficiente totaliza 6%.
Isso tem a ver com uma impressão negativa generalizada sobre a atividade. A pesquisa mostrou que 57% dos entrevistados têm uma avaliação negativa dos sites de apostas no Brasil, considerando-os “ruins ou péssimos”. Apenas 17% consideram os sites como “ótimos e bons”, e mesmo boa parte do público de aposta reconhece que o faz com receio e desconfiança.
Ambiente inseguro
A entrevista também mostrou que 83% da população considera as bets como inseguras ou muito inseguras, “com riscos que podem fugir do controle e gerar prejuízos” (45%), e “com consequências graves na vida das pessoas e suas famílias”(38%).
Para Marcelo Garcia, especialista em Gestão de Políticas Sociais e Consultor da CNF, o estudo é “um material aprofundado para que governo e sociedade reflitam e debatam o tema, de modo a se planejar e implementar estratégias de prevenção e limitação dentro de uma política de regulamentação que combata o vício”.
Frente aos números, o especialista destacou que a pesquisa “abre uma enorme lanterna sobre um problema que pode ser diminuído”. “É um ponto de partida fundamental para a discussão e o enfrentamento do problema, antes que haja um impacto ainda maior no endividamento e na desagregação das famílias”.
O potencial de endividamento condicionado às apostas esportivas foi mensurado pela pesquisa Febraban, que também mostrou que 45% dos que admitem apostar disseram que tiveram sua qualidade de vida ou da família afetada pela prática.
Isso tem feito, por exemplo, com que os valores destinados às apostas comprometam outros compromissos financeiros para 41% dos entrevistados, incluindo compra de comida (37%) e pagamento de contas (36%).
O Radar Febraban foi feito entre os dias 15 e 23 de outubro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.