RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – As operadoras de planos de saúde médico-hospitalares tiveram lucro líquido de R$ 4,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (11) pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
A cifra é a maior para o período de julho a setembro na série histórica do órgão, que considera valores nominais (ajuste pela inflação) desde 2018. Houve alta de 64,4% ante o terceiro trimestre do ano passado (R$ 2,9 bilhões).
O lucro líquido é a soma dos resultados operacionais, financeiros e patrimoniais, acrescidos do efeito de impostos e participações.
Considerando apenas o resultado operacional, que é a diferença entre as receitas e as despesas das atividades de saúde, o lucro das operadoras médico-hospitalares alcançou R$ 2 bilhões no terceiro trimestre de 2025. É o maior para o período desde 2020, na pandemia, quando a cifra chegou a R$ 4,6 bilhões.
Na prática, o resultado operacional reflete as receitas com as mensalidades deduzidas as despesas assistenciais, administrativas e de comercialização das companhias.
O resultado financeiro, por sua vez, alcançou R$ 4,2 bilhões no terceiro trimestre deste ano, período marcado pelos juros altos. O valor, que engloba ganhos com aplicações financeiras, é o maior para o intervalo de julho a setembro na série iniciada em 2018.
“Os dados mostram um momento positivo para as operadoras, mas é importante ressaltar que persiste ainda um cenário de cautela para cerca de 7,5 milhões de beneficiários em operadoras que se encontram em regimes especiais de acompanhamento econômico-financeiro, direção fiscal, programas de adequação econômico-financeira e cancelamentos de registro”, disse em nota o diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS, Jorge Aquino.
ACUMULADO NO ANO
Com o desempenho no terceiro trimestre, o lucro líquido dos planos médico-hospitalares subiu para R$ 17,2 bilhões no acumulado de 2025.
É o maior valor nominal da série até setembro, ultrapassando a máxima anterior (R$ 15 bilhões), registrada nos nove primeiros meses de 2020.
O lucro operacional alcançou R$ 8,3 bilhões no acumulado, acima do registrado no mesmo período de 2024 (R$ 3 bilhões). Só fica atrás do encontrado até setembro de 2020 (R$ 17,5 bilhões).
Já o lucro financeiro chegou a R$ 11 bilhões no acumulado deste ano. É o maior da série iniciada em 2018.
O setor de planos de saúde tem sido alvo de uma série de críticas de consumidores nos últimos anos. As reclamações envolvem pontos diversos, desde o cancelamento de contratos até os reajustes das mensalidades.
As empresas, por sua vez, se queixam do aumento do custo médio dos serviços devido à incorporação de tecnologias. A situação ocorre em meio ao envelhecimento da população, que tende a elevar a demanda por atendimentos de saúde.
Em entrevista à Folha em outubro, o novo diretor-presidente da ANS, Wadih Damous, disse querer entender por que o setor “chora” mesmo quando tem lucro.
“Não sou da área de finanças. Então, quero entender isso, porque ao mesmo tempo em que é um dos setores mais lucrativos da economia brasileira, também é o setor que mais chora prejuízo”, afirmou.
Damous também defendeu uma regulação dos planos em “mão dupla” pela ANS. Isso, segundo o advogado, significa mirar além do equilíbrio financeiro das empresas, com atenção também às demandas dos consumidores.
Considerando os planos médico-hospitalares e odontológicos e as empresas administradoras de benefícios em conjunto, o lucro líquido foi de R$ 5 bilhões no terceiro trimestre e de R$ 17,9 bilhões no acumulado do ano até setembro de 2025. Ambos são os maiores níveis da série nominal para os respectivos períodos.
“Segundo os dados enviados pelas operadoras de planos de saúde e pelas administradoras de benefícios à ANS, o setor registrou receitas de R$ 287,3 bilhões, com lucro líquido acumulado de R$ 17,9 bilhões entre janeiro e setembro de 2025. Esse resultado equivale a aproximadamente 6,2% da receita total do período, ou seja, para cada R$ 100 de receitas, o setor obteve cerca de R$ 6,20 de lucro”, afirmou a ANS em nota.
As administradoras de benefícios não operam os planos. São intermediárias entre as operadoras e os contratantes dos serviços.
