A cantora, compositora e acordeonista baiana Lívia Mattos lança seu terceiro álbum, Verve, para concluir uma triologia iniciada com Vinha da Ida (2017) e Apneia (2022).
“O último traz essa sanfoneira que transita pelo mundo”, afirmou, em entrevista a CartaCapital. O disco apresenta músicas que consolidam esse movimento permanente da artista ao longo da carreira. “Comecei a tocar no circo, que tem uma linguagem estética muito diferente. Depois, toquei forró à noite e em trabalhos autorais de outras pessoas.”
Ela acompanhou Chico César por oito anos. Com o tempo, porém, focou em seu trabalho autoral, apostando em novas sonoridades.
Em Verve, a sonoridade é de power trio, com sua sanfona acompanhada da tuba de Jefferson Babu e da bateria de Rafael dos Santos. “A gente tem criado uma linguagem de trio muito autêntica.”
Lívia afirma que, por ser uma sanfoneira nordestina, as pessoas esperam mantê-la “na caixinha do forró”. Diz, porém, que conseguiu não ser associada apenas a esse gênero, mas a um trabalho baseado em experimentação.
“Sou a sanfoneira da canção, do instrumental, que brinca com sonoridades não óbvias, mas também gosta de onde o pé está fincado. Fico muito feliz com essa consolidação de linguagem.”
O álbum Verve (YB Music) dedica três das dez faixas ao forró, mesmo com a ideia de apresentar um trabalho sonoro mais amplo.
Na busca pela universalidade, o álbum apresenta em Caucaia um diálogo da sanfoneira com a voz da indiana Varijashree Venugopal. Com Em Ndoukahakro, ela relembra sua passagem pela Costa do Marfim, com a participação da senegalesa Senny Camara.
Em seu novo disco, Lívia Mattos mostra inventividade e versatilidade, caminhando livre por outras sonoridades proporcionadas pelo acordeom.
“(A sanfona) é minha máquina de respiro, minha caixa de música, meu escudo, minha arma, minha proteção, minha paz e minha guerra — e meu carma, que é carregar esse peso e transformar em leveza.”
Em 26 de setembro, ela lançará Verve no Sesc Santana, na capital paulista, com a participação do também acordeonista Toninho Ferragutti.
Assista à entrevista de Lívia Mattos a CartaCapital: