Liberdade para conspirar? – CartaCapital

Engana-se quem acredita que o 8 de Janeiro marcou o fim da trama golpista. Sem o apoio da cúpula militar para levar adiante sua quartelada, Jair Bolsonaro continuou atentando contra a democracia por outros meios. Diante das fartas provas reunidas pela Procuradoria-Geral da República, o ex-presidente sabe que escapar de uma condenação é praticamente impossível. Por isso mesmo empenhou-se tanto em buscar uma ANISTIA no Congresso e, diante do fiasco, financiou com 2 milhões de reais a turnê conspiratória do filho, Eduardo Bolsonaro, pelos Estados Unidos.

Zero Três conseguiu o improvável: convencer o governo Donald Trump a impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e a condicionar a retirada de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros à anistia do pai. Como Lula recusou negociar a soberania nacional, Bolsonaro passou a violar deliberadamente medidas cautelares impostas pelo STF, buscando a prisão domiciliar para posar de PERSEGUIDO. Parte da mídia ainda embarcou na encenação, defendendo, nas palavras do professor Aldo Fornazieri, “a liberdade de conspiração disfarçada de liberdade de expressão”.

De todo modo, esse espetáculo lamentável está com os dias contados. Como mostra André Barrocal na reportagem de capa, o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, reservou todas as terças-feiras de setembro para julgar Bolsonaro e seus comparsas do chamado núcleo central da trama golpista. Se nenhum ministro pedir vista do processo, o ex-presidente poderá finalmente ocupar, já em OUTUBRO, o lugar que lhe cabe – numa cela de verdade, não no conforto de sua mansão em Brasília.

Ainda nesta edição, Carlos Drummond mostra como o Nordeste, principal reduto eleitoral de Lula, será o maior prejudicado pelo tarifaço de Trump, segundo um estudo do BNB. Maurício Thuswohl detalha a “batalha dos vetos”: a mobilização popular para que Lula barre o PL da Devastação e a pressão dos poderosos grupos que defendem o projeto. Já Fabíola Mendonça revela como JOÃO PESSOA, que acaba de completar 440 anos, tem atraído brasileiros interessados não só em suas belezas naturais, mas também em fixar residência na cidade mais oriental das Américas, “onde o sol nasce primeiro”. A Paraíba, aliás, foi o único estado nordestino com saldo migratório positivo entre 2017 e 2022, segundo o Censo do IBGE – um movimento impulsionado por sua próspera e acolhedora capital.

Boa leitura!

Publicado na edição n° 1374 de CartaCapital, em 13 de agosto de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Liberdade para conspirar?’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.



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