Julgamento de réus no STF marca fase decisiva para futuro da direita, avalia cientista político – Brasil de Fato

O resultado dos interrogatórios dos réus envolvidos na tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) influenciará diretamente o futuro da direita e da democracia brasileira. A avaliação é do cientista político Rafael Cortez, entrevistado no programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. As oitivas do núcleo considerado “crucial”, no qual está o ex-presidente Jair Bolsonaro, começam nesta segunda-feira (9).

Segundo Cortez, o julgamento tem dois grandes desdobramentos. Um é de natureza político-eleitoral, tem relação direta com o papel que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros aliados terão na eleição de 2026. “A resposta para essa pergunta passa pelo destino do ex-presidente Bolsonaro, que, além da defesa formal e jurídica, precisa construir a sua defesa política, até porque é um momento que eventualmente ele vai ter uma perda grande de prestígio e relevância”, analisou o cientista político.

O outro aspecto é institucional, com peso simbólico e prático para a consolidação da democracia no país. “O Estado brasileiro, por meio da ação do Supremo Tribunal Federal, vai fazer a punição a quem eventualmente é devido, depois do devido processo legal. […] É um momento extremamente relevante por conta da constituição democrática”, afirma.

Além da possível condenação do ex-presidente, o campo bolsonarista enfrenta desgaste com a situação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), foragida após ser condenada por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e do filho do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também está fora do país.

Cortez acredita ainda que os impactos diretos no eleitorado ainda são incertos. “Esse movimento de criar punição para essa nova direita não me parece que vai ser transferido para os apoiadores do chamado bolsonarismo”, pontua. Ele compara a situação à do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos. “Mesmo com toda essa carga negativa, algo parecido, me parece, aconteceria no Brasil em caso da condenação do presidente Bolsonaro”, indica.

Para o pesquisador, o enfraquecimento político dessa ala será um processo “lento”, e o pleito de 2026 será um momento decisivo. “Pode haver a continuidade dessas divisões e, eventualmente, o campo da direita se fragmentar. […] Essa reorganização do campo vai acontecer com a manifestação do eleitor, mas, obviamente, muito condicionado aos destinos jurídicos”, concluiu.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

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