Maria Luiza Vieira de Menezes Lima, de 23 anos, procurou o Alô Juca para denunciar um caso, segundo ela, de negligência médica ocorrido no Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, no último dia 8 de agosto. A jovem deu entrada na emergência da unidade após sofrer um acidente de moto na Estrada do Coco, em Lauro de Freitas, onde teve uma grave lesão no joelho com exposição óssea.
Segundo relato, após aguardar por quase uma hora o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), sem sucesso, Maria Luiza foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros, que providenciou o transporte até o HGE. O marido dela, que também estava no acidente, teve apenas escoriações leves.
Ao chegar ao hospital, por volta de meio-dia, Maria Luiza afirma que recebeu apenas um curativo inicial e permaneceu por horas sentindo dor intensa, sem a devida medicação ou atenção médica. “A minha mãe foi até as enfermeiras, e elas ‘lembraram’ de me dar medicação. Abriram o curativo para suturar às 15h e só suturaram às 19h. Fiquei esse tempo todo sendo levada pra um lado e para outro com o ferimento 100% aberto”, denuncia.
A jovem conta que a limpeza da ferida foi feita por uma estagiária, sob a supervisão de um médico, e que a maior parte da sutura também foi realizada por estagiários. “Um deles até ressaltou que minha ‘patela’ estava se movimentando sozinha e o Dr. disse que era por conta do susto (já eram sinais do rompimento do tendão patelar)”, afirmou.
De acordo com Maria Luiza, o ortopedista de plantão analisou o exame de raio-X por apenas 30 segundos e declarou que não havia fratura. Após o procedimento, ela foi liberada com uma receita de analgésicos e a orientação de retirar os pontos após sete dias.
Mas o alívio esperado nunca chegou. “Fui liberada com a orientação de retirar os pontos em 7 dias. No entanto, ao procurar outro hospital, descobri que fragmentos do farol do carro permaneciam dentro do meu joelho; o que não foi identificado nem removido no atendimento inicial”, afirma.
Infecção, necrose e erro de diagnóstico
No dia 16 de agosto, Maria Luiza acordou com fortes dores, inchaço e um edema que parecia um furúnculo. Ao ser atendida em um hospital de Simões Filho, a médica identificou um fragmento do farol do veículo alojado na ferida que havia sido suturada no HGE. O material foi removido, e os pontos foram refeitos.
No dia seguinte, ao visitar a casa da mãe, a jovem sofreu uma queda após o joelho “falhar”. O local se reabriu, e mais fragmentos de vidro foram expelidos espontaneamente. Ela retornou ao hospital, onde foi constatada a presença de tecido necrosado e outros fragmentos, que foram retirados.
Com dores persistentes e inchaço, Maria Luiza realizou um ultrassom no dia 22 de agosto. O exame revelou haver um fragmento ainda presente no joelho, acúmulo de líquido devido à infecção e o tendão patelar totalmente rompido, lesão que, segundo ela, não foi sequer considerada durante o primeiro atendimento no HGE.
Cirurgia urgente e risco de sequelas graves
Agora, a jovem precisa com urgência de uma cirurgia para reconstrução do tendão. No entanto, segundo ela, nenhum hospital tem aceitado realizar o procedimento como emergência.
“A cirurgia, pelo que pesquisamos, é muito cara e nenhum hospital quer me atender como emergência, e sim como ambulatorial, como se fosse uma simples dor. Preciso de ajuda com urgência para um hospital me receber para fazer a cirurgia, pra eu não perder a perna ou não recuperar o movimento dela”, desabafa.
Por conta das complicações, Maria Luiza está sem condições de trabalhar e afirma que tem passado por grande sofrimento físico e emocional.
“Esse descaso colocou minha vida em risco, prolongou meu sofrimento e deixou sequelas que poderiam ter sido evitadas se houvesse cuidado adequado desde o início”, declarou.
E completa: “Por isso, estou divulgando meu caso para que chegue às autoridades competentes, na esperança de que medidas sejam tomadas para que justiça seja feita e para que outros pacientes não passem pelo mesmo abandono.”
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) para esclarecimentos sobre o caso. Até o momento, não houve retorno.