O que se sabe sobre os ataques dos EUA a instalações nucleares do Irã – CartaCapital

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse neste domingo 2 que Teerã pretende reconstruir as instalações nucleares danificadas por ataques das forças dos EUA e de Israel em junho.

A declaração desafia a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de ordenar novos ataques caso Teerã tentasse reparar os quatro locais atingidos, incluindo o complexo de enriquecimento de urânio de Natanz e a usina nuclear de Isfahan.

O Irã tem enfrentado confrontos intermitentes com o Ocidente sobre seu programa nuclear por mais de duas décadas, desde que instalações secretas de enriquecimento foram expostas.

O que disse o presidente iraniano?

Durante uma visita à agência nuclear do país, Pezeskhian afirmou que o Irã “não será impedido” de reconstruir os locais danificados.

“Destruir prédios e fábricas não vai criar um problema para nós. Vamos reconstruir e com mais força”, disse.

Pezeskhian enfatizou mais uma vez, em um vídeo postado nas redes sociais, que Teerã não está buscando um programa de armas nucleares e insistiu que seus planos têm caráter puramente civil.

“Tudo é destinado a resolver os problemas do povo, contra doenças, para a saúde das pessoas”, acrescentou.

Por que os EUA e Israel atacaram o programa nuclear do Irã?

O programa nuclear iraniano tem desafiado o escrutínio ocidental desde 2003, quando instalações secretas de enriquecimento foram descobertas, desencadeando duas décadas de sanções e negociações fracassadas.

As tensões aumentaram este ano depois que o Irã enriqueceu urânio a 83% de pureza em abril – muito acima das necessidades civis, mas ainda abaixo do nível necessário para armas nucleares. Teerã então expulsou inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em maio, provocando ameaças dos Estados Unidos e de Israel.

Israel vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça existencial e, em junho, travou um conflito de 12 dias contra a República Islâmica, visando suas instalações nucleares. Bombardeiros B-2 dos EUA, capazes de atingir locais profundamente enterrados, foram usados principalmente contra a usina nuclear de Fordo.

Trump afirmou na época que o programa nuclear iraniano havia sido destruído. Teerã rebateu e citou apenas danos severos.

Não há avaliação independente da destruição, já que o Irã cessou toda a cooperação com a AIEA.

Omã pressiona por novas negociações

No sábado, o tradicional intermediário do Irã, Omã, instou Washington e Teerã a retomar negociações para resolver o impasse.

Omã sediou cinco rodadas de tratativas EUA-Irã neste ano. Apenas três dias antes da sexta rodada, Israel iniciou seus ataques.

Para aumentar a pressão, sanções da ONU contra Teerã foram restauradas em setembro, depois que Reino Unido, Alemanha e França acionaram o mecanismo de “retomada automática” devido à alegada não conformidade do país com o acordo nuclear de 2015, firmado com potências globais.

No acordo, Teerã havia se comprometido a limitar seu programa nuclear, mas retomou o enriquecimento de urânio após Washington se retirar do acordo em 2018, durante o primeiro governo Trump.

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