Grécia, Portugal e Espanha ainda enfrentavam incêndios violentos nesta quarta-feira 13, enquanto a situação melhorava na França e na Itália, após dezenas de milhares de hectares terem sido devastados nos últimos dias no sul da Europa. Os incêndios, que causaram quatro mortes – duas na Espanha, uma em Montenegro e uma na Albânia – são favorecidos por uma onda de calor intensa e prolongada associada a uma grave seca, sinais dos efeitos das mudanças climáticas.
Os bombeiros na Grécia esperavam uma “quarta-feira muito difícil”, principalmente devido a fortes rajadas de vento, enquanto combatiam 23 incêndios, incluindo um às portas de Patras, terceira maior cidade do país.
“Certamente são as 24 horas mais difíceis deste período de combate aos incêndios”, declarou Kostas Tsigas, presidente da União dos Oficiais dos Bombeiros.
“Somente ontem, 82 incêndios eclodiram, um número muito elevado que, combinado com ventos fortes, seca e altas temperaturas, criou enormes dificuldades”, acrescentou, referindo-se aos focos que em sua maioria foram controlados.
Desde o amanhecer de quarta-feira, com ventos superiores a 80 km/h soprando na Grécia desde a semana passada, 33 aviões e 4.850 bombeiros estavam mobilizados em todas as frentes.
Atenas solicitou na terça-feira ao mecanismo europeu de ajuda mútua quatro aviões adicionais de combate a incêndios, já que mais de 20.000 hectares foram destruídos pelas chamas desde junho.
Os focos mais preocupantes estão na ilha de Zante, no mar Jônico (oeste), na ilha de Chios (nordeste do mar Egeu), em Preveza (oeste), e no departamento de Acaia (noroeste do Peloponeso).
Perto da cidade de Patras, um novo incêndio surgiu próximo ao sítio arqueológico de Vouteni, ameaçando áreas florestais e residências, cobertas por uma espessa nuvem de fumaça.
“Prontos para ajudar uns aos outros”
Na quarta-feira, cinco grandes incêndios estavam ativos no norte e centro de Portugal, combatidos por mais de 1.800 bombeiros com apoio de cerca de 20 meios aéreos, segundo a proteção civil.
O incêndio que mobilizava mais recursos era o de Trancoso (centro), ativo desde sábado, onde fortes rajadas de vento provocaram novos focos durante a noite, ameaçando vilarejos.
Perto de Aldeia Nova, sob uma espessa nuvem de fumaça que cobria as ruas do pequeno vilarejo de casas de pedra, os moradores ajudavam os bombeiros. “Dá medo, mas estamos sempre prontos para ajudar uns aos outros”, disse um agricultor à emissora de televisão Sic Notícias.
Portugal conta com dois aviões Canadair vindos do Marrocos até o fim da semana, após a falha de dois de seus próprios aparelhos. Diante das críticas pela falta de recursos, o primeiro-ministro Luís Montenegro garantiu na terça-feira que o governo está “fazendo o máximo”, lembrando que um dispositivo com 15.000 agentes está mobilizado e todos os meios disponíveis estão em alerta máximo.
Desde o início do ano, os incêndios florestais consumiram mais de 63.000 hectares, segundo dados provisórios do Instituto Nacional de Gestão das Florestas (ICNF). Nos incêndios de 2017, que causaram mais de uma centena de vítimas, cerca de 500.000 hectares foram destruídos.
Morte no jardim
Na Espanha, embora os bombeiros ainda combatessem 14 grandes incêndios, principalmente no norte, a situação parecia melhorar graças ao aumento da umidade, um pouco de chuva e queda nas temperaturas.
“A evolução esta manhã deve ser favorável porque o clima está do nosso lado por algumas horas”, disse Virginia Barcones, diretora da agência de proteção civil, à televisão pública.
Cerca de 6.000 pessoas de 26 localidades foram evacuadas na região de Castela e Leão (noroeste).
Até agora neste ano, o país registrou 199 incêndios que destruíram 99.000 hectares, o dobro do ano passado, mas três vezes menos do que em 2022, o pior ano.
Vários países dos Bálcãs ainda enfrentavam dezenas de incêndios nesta quarta-feira. Na Albânia, um homem de 80 anos morreu na noite de terça-feira após acender uma fogueira em seu jardim. As chamas se espalharam para casas vizinhas, ferindo oito pessoas.
Incêndios fora de controle ocorriam no centro e sul do país, enquanto Montenegro vivia uma trégua.
Vesúvio sob controle
No sul da França, a vigilância permanecia máxima para evitar a reativação do gigantesco incêndio que percorreu 16.000 hectares antes de ser controlado no domingo, no departamento de Aude.
O incêndio nos arredores do vulcão Vesúvio, que lançou nuvens de fumaça sobre Nápoles (sul), foi controlado após cinco dias. Em toda a península, os bombeiros informaram na quarta-feira que conseguiram “controlar ou extinguir” nove incêndios.