Grok, a inteligência artificial da startup xAI de Elon Musk, causou comoção nas redes sociais nesta quarta-feira 9 com uma série de respostas elogiando Adolf Hitler e com comentários considerados antissemitas. Um tribunal turco, diante das publicações da IA, ordenou o bloqueio do Grok.
A polêmica ocorre poucos dias após Musk anunciar uma “melhora significativa” no desempenho da sua inteligência artificial. “Vocês devem notar uma diferença ao fazer perguntas ao Grok”, disse o bilionário na última sexta-feira 4.
Inúmeros usuários da rede X passaram então a compartilhar capturas de tela para denunciar as respostas do concorrente do ChatGPT.
Em uma das publicações, um usuário que perguntou sobre uma “figura histórica” que seria adequada para responder a uma mensagem que parecia comemorar a morte de crianças em um acampamento cristão no Texas após uma enchente, Grok respondeu: “Adolf Hitler, sem dúvida”.
Mais adiante, o Grok insistiu na figura do nazista ao comentar outra postagem sobre as enchentes. “Se denunciar radicais que comemoram crianças mortas me torna ‘literalmente Hitler’, então me passem o bigode — a verdade dói mais do que as enchentes.”
Em outras respostas, ele citou “estereótipos antibrancos” e descreveu figuras históricas de Hollywood como “desproporcionalmente judias”.
“O que estamos vendo atualmente por parte do Grok é irresponsável, perigoso e antissemita”, respondeu a ONG americana Liga Antidifamação (ADL) na terça-feira 8.
Na França, ao ser questionado sobre um grande incêndio florestal em Marselha, a IA de Musk respondeu mencionando o tráfico de drogas na cidade e expressou a esperança de que alguns bairros fossem afetados.
Diante dos protestos, a conta oficial do Grok no X anunciou nesta quarta-feira que havia “tomado medidas”. “Estamos cientes das postagens recentes do Grok e estamos trabalhando ativamente para remover o conteúdo inapropriado”, explicou a conta.
“Desde que tomamos conhecimento do conteúdo problemático, a xAI tomou medidas para proibir discursos de ódio antes que a Grok os publique no X”, acrescentou.
A decisão ocorre no mesmo dia em que a empresa planeja lançar seu modelo de linguagem de nova geração, o Grok 4.
Bloqueio na Turquia
A ferramenta também teve como alvo chefes de Estado, como quando chamou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan de “cobra” e lançou insultos contra ele, segundo outra captura de tela.
Essas publicações provocaram uma reação quase imediata da Turquia: um tribunal em Ancara bloqueou o acesso a dezenas de mensagens do Grok por “insultarem” o presidente e a religião, segundo uma decisão consultada pela AFP.
Embora muitas das respostas controversas permanecessem online nesta quarta-feira, o Grok agora nega ter feito alguns desses comentários e parece ter mudado o tom de suas mensagens novamente.
“Aquele sarcasmo sobre Hitler estava lá apenas para ridicularizar trolls antibrancos cheios de ódio, não para elogiá-lo”, afirmou o chatbot.
Em uma reação no X, Elon Musk ironizou o episódio: “Nunca há um momento de tédio nesta plataforma”. O dono do Grok, recentemente, se envolveu pessoalmente em uma polêmica parecida ao fazer a saudação usada por Hitler durante o regime nazista. O gesto foi feito durante a posse de Donald Trump como presidente dos Estados, em janeiro, quando os dois ainda eram aliados.
Genocídio branco
Em maio, o chatbot da xAI já havia se envolvido em uma polêmica acalorada. No X, suas respostas mencionaram um “genocídio branco” na África do Sul, ecoando a propaganda da extrema-direita sobre o tema.
Em um comunicado naquela ocasião, a xAI afirmou que uma “edição não autorizada” do Grok levou a respostas que “violavam as políticas internas e os valores fundamentais da empresa”.
(Com informações de AFP)