Murais pintados pelo artista visual Eder Muniz, localizados no bairro de Castelo Branco, em Salvador, foram alvo de vandalismo na madrugada do último domingo (20). As obras, que retratavam personagens e símbolos ligados às religiões de matriz africana, foram cobertas com tinta cinza por um homem ainda não identificado.

Segundo imagens de câmeras de segurança, o autor do ataque agiu por volta de 1h30 da manhã, utilizando roupas de obra, boné, carrinho de mão e rolo de pintura, o que indica um ato planejado. Todos os grafites apagados representavam figuras humanas e elementos religiosos, enquanto as letras e demais composições gráficas permaneceram intactas — o que, segundo o artista, aponta para uma motivação ligada à intolerância religiosa.

Em relato divulgado nas redes sociais, Eder Muniz classificou o ocorrido como um ato de racismo religioso. Ele recorda que ataques semelhantes já aconteceram anteriormente no mesmo local, quando murais com a imagem de uma sereia e uma mulher com terceiro olho também foram cobertos por tinta de maneira seletiva.

“Esse trabalho foi feito sob sol forte, com recursos próprios e doações entre artistas. Só quem pinta em avenida movimentada sabe o esforço e os riscos. A alienação foi tão forte que ele fez isso”, afirmou Eder.

O artista faz um apelo à comunidade de Castelo Branco e de toda Salvador para que colaborem com informações que possam levar à identificação do responsável. Ele também destacou a importância da liberdade de expressão religiosa, garantida por lei, e pediu que casos como esse não sejam naturalizados.

“O que uma imagem de uma criança sorrindo pode representar de ofensivo a qualquer religião? O espaço público também é um espaço de diversidade espiritual”, disse.

O caso reacende o debate sobre o apagamento simbólico e físico de manifestações culturais afro-brasileiras, prática recorrente em diversos bairros da cidade. A destruição dos murais, que celebravam a ancestralidade e a resistência por meio da arte urbana, gerou comoção entre artistas e ativistas que atuam na luta contra o racismo religioso na Bahia.

Veja o vídeo: 

Fonte: AloJuca

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