A ministra Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política do governo Lula (PT), voltou a criticar o Banco Central pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Na declaração, dada ao canal SBT News na noite desta segunda-feira 13, alfinetou o atual chefe da autarquia Gabriel Galípolo.
“Essa taxa estratosférica que está aí começou incentivada pelo Roberto Campos Neto, que fez terrorismo fiscal: ‘as contas não estão em dia, tem que aumentar os juros’. O Galípolo quando assumiu, indicado pelo presidente, continuou essa escalada e agora parou, mas teria que baixar”, iniciou a ministra ao comentar a Selic.
“Nós não temos força de determinar [o que o BC e Galípolo decidem], o que posso fazer é criticar e eu estou criticando como criticava antes”, sustentou. “Acho que ele está errado, é uma taxa estratosférica, é ruim para o desenvolvimento econômico e não está de acordo com os parâmetros da economia brasileira.”
Segundo a ministra, a demora para o BC baixar a taxa básica de juros no País também tem outra motivação: a omissão do setor produtivo. “Hoje o Banco Central só é pressionado pelo setor financeiro e faz só o que interessa ao setor financeiro, está errado”, disse. “O setor produtivo também tinha que pressionar o Banco Central”, insistiu Gleisi.
Fim da escala 6×1
Na conversa, a ministra também confirmou que o governo deve embarcar na luta pelo fim da jornada de trabalho 6×1 (seis dias trabalhados, para apenas um dia de folga). De acordo com Gleisi, há pouco espaço para se debater e aprovar a medida ainda em 2025. A projeção para 2026, no entanto, é mais otimista.
“Se a gente colocar em debate e tiver um grande debate para o ano que vem, acredito que a gente avance”, destacou.
Corte em cargos do Centrão
Gleisi também tornou a comentar o corte promovido em indicados pelo Centrão para cargos no governo. Segundo a ministra, nenhum apadrinhado por parlamentares que votam contra o governo no Congresso será poupado. “Quem quer ficar com o governo, ter pessoas indicadas no governo, tem que ficar no governo”, sintetizou.
Para a ministra, o corte não pode ser chamado de retaliação ou caça as bruxas. “É apenas uma reorganização da base”, explica. “As indicações para cargos comissionados no governo vão ser retiradas e vamos realocar para aqueles que estão com o governo.”
De acordo com Gleisi, o corte também não significa um rompimento definitivo com o Centrão, mas sim uma oportunidade para partidos e parlamentares “reavaliarem a postura”.
Questionada sobre quantos indicados de ‘infiéis’ serão cortados, Gleisi disse não ser possível tratar de números, uma vez que que o cenário ainda está sendo mapeado. A expectativa, explicou, é finalizar a identificação e as demissões até o final desta semana.