França anuncia novo serviço militar voluntário a partir de 2026 – CartaCapital

O presidente Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira 27 a criação de um novo serviço militar voluntário de 10 meses para jovens maiores de idade, em um contexto de crescente preocupação na Europa devido à Rússia.

Este serviço militar destina-se principalmente a jovens voluntários de 18 e 19 anos, terá duração de 10 meses e será remunerado com cerca de 800 euros mensais (aproximadamente 4.970 reais), informou a Presidência francesa.

“Nossa juventude tem sede de compromisso. Existe uma geração pronta para se levantar pela pátria”, afirmou Macron ao anunciar a medida durante a visita a uma brigada de infantaria em Varces, no sudeste da França.

O país suspendeu o serviço militar obrigatório em 1997, durante a presidência do conservador Jacques Chirac, assim como outros países após a dissolução da União Soviética em 1991 e fim da Guerra Fria.

No entanto, a invasão russa da Ucrânia em 2022 trouxe as preocupações de volta à Europa. Atualmente, doze países europeus possuem um serviço militar obrigatório, e vários decidiram instituir um voluntário.

“A aceleração das crises, o aumento das ameaças me levam a propor hoje um serviço nacional puramente militar”, destacou Macron.

O anúncio ocorre após a polêmica gerada pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Fabien Mandon, que na semana passada pediu aos franceses que “aceitem perder seus filhos” em caso de conflitos na Europa.

Os voluntários servirão apenas em “território nacional”, esclareceu o presidente francês, dois dias após garantir que não se tratava de enviar esses “jovens” para lutar na Ucrânia.

Dissuasão

As Forças Armadas desta potência nuclear contam com aproximadamente 200 mil militares ativos e 47 mil reservistas. O objetivo é ampliar para 210 mil e 80 mil pessoas, respectivamente, até 2030.

A Revue Nationale Stratégique 2025, diretriz da França em matéria militar, recomendou o serviço voluntário para criar uma reserva de pessoas preparadas em caso de crise e também para “reforçar a coesão nacional”.

Em 2019, a França lançou o Serviço Nacional Universal (SNU) para jovens entre 15 e 17 anos, que incluía uma “missão de interesse geral” e jornadas “de coesão”, mas não teve grande sucesso. E o contexto internacional mudou.

A formação militar de cidadãos, além dos soldados profissionais, e o aumento dos gastos militares enquadram-se na estratégia dos países europeus de dissuadir Moscou de expandir sua guerra na Europa.

A França prevê destinar 413 bilhões de euros (2,56 trilhões de reais) em gastos militares entre 2024 e 2030, em um contexto de redução dos gastos para equilibrar as contas públicas.

Com o serviço militar voluntário, espera-se contar com 3 mil participantes na primeira turma de 2026 e 42.500 em 2035. O número pode alcançar 50 mil então, se incluídos outros dois programas de inserção já em andamento.

Os selecionados entre homens e mulheres voluntários de 18 e 19 anos corresponderão a 80%, enquanto os 20% restantes serão jovens de até 25 anos com um perfil mais especializado, como engenheiro, analista de dados, enfermeiro, etc.

A possibilidade de alistar-se no Exército para tornar-se soldado profissional continuará existindo.

Os voluntários passarão a integrar uma reserva operacional, o que implica que deverão estar disponíveis cinco dias por ano em caso de necessidade durante cinco anos.

A maioria dos partidos políticos e dos franceses é favorável à reintrodução de um serviço militar. Segundo uma pesquisa de março da Ipsos, 33% das pessoas entrevistadas desejavam que fosse voluntário.

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