Um barco humanitário com 12 ativistas a bordo, incluindo a sueca Greta Thunberg e o ativista brasileiro Thiago Ávilla, navega perto da costa do Egito e se aproxima da Faixa de Gaza, devastada pela guerra e cercada por Israel, anunciaram neste sábado (7) os organizadores da viagem.
O “Madleen”, um veleiro da Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), partiu no domingo (1), da Sicília, na Itália, em direção a Gaza. O objetivo é fornecer ajuda humanitária e “romper o bloqueio israelense” imposto ao território palestino, ameaçado pela fome, devido ao bloqueio total à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, imposto por Israel desde 2 de março. Já foram registradas dezenas de mortes por fome, a maioria de crianças pequenas e idosos.
O genocídio palestino, em curso na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, já registrou quase 55 mil mortes, a maioria mulheres e crianças. “Estamos navegando ao longo da costa egípcia”, declarou à AFP a ativista alemã de direitos humanos Yasemin Acar. “Estamos todos bem”, acrescentou.
Em um comunicado publicado em Londres, o Comitê Internacional para Romper o Cerco a Gaza, uma organização que integra a FFC, informou que a embarcação havia entrado em águas do Egito, vizinho da Faixa de Gaza.
Qualquer interceptação do veleiro constituiria “uma violação flagrante do direito internacional humanitário”, afirmou o comitê, que informou estar em contato com instâncias jurídicas internacionais para garantir a segurança das pessoas a bordo.
Na sexta-feira (6), o ativista Thiago Ávilla respondeu às ameaças das forças de segurança de Israel contra a embarcação.
“Ontem nós recebemos outra ameaça da entidade sionista. Eles disseram que se insistirmos eles vão atacar como fizeram há 15 anos no Mavi Marmara, quando mataram 10% dos nossos participantes, e não foram responsabilizados de forma alguma”, relatou o ativista, em vídeo postado nas redes sociais.
A Coalizão da Flotilha da Liberdade, fundada em 2010, é um movimento internacional não violento de solidariedade com os palestinos que exige o fim do bloqueio à Faixa de Gaza por razões humanitárias e políticas.
O “Madleen” transporta “sucos de frutas, leite, arroz, conservas, barras de proteínas oferecidas por centenas de cidadãos de Catânia”, escreveu o jornalista Andrea Legni, que está a bordo.
No início de maio, um barco da FFC que esperava partir de Malta rumo à Faixa de Gaza sofreu danos. Os ativistas disseram suspeitar de um ataque de drones israelenses.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manifestou sua solidariedade à ação da Flotilha.
“Romper esse bloqueio por mar e por terra é uma ação fundamental para salvar vidas de crianças palestinas que sofrem com a fome e a desnutrição. Romper esse bloqueio é fundamental para ter início a reconstrução de Gaza. É preciso paz, fim dos ataques, fim dos bombardeios e retirada imediata das tropas colonialistas de Israel, para reconstruir casas, prédios, escolas, igrejas, mesquitas, universidades, hospitais e toda a infraestrutura civil de ajuda humanitária e assistência social para a população Palestina”, declarou Marcelo Buzetto, da Coordenação Estadual do MST-SP, em vídeo.
*Com AFP