Famílias do MST se unem aos esforços para socorrer atingidos por tornado que destruiu cidade no Paraná — Brasil de Fato

A cidade de Rio Bonito do Iguaçu (PR) foi devastada pelo tornado com ventos de até 250 km/h que atingiu a região central do Paraná nesta sexta-feira (7), deixando ao menos seis mortos e mais de mil pessoas desalojadas. Enquanto equipes médicas e moradores se unem no socorro às vítimas, a mobilização popular se espalha pela região. 

Cristina Tina Lopes Vieira, da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, é moradora do assentamento 8 de junho, em Laranjeiras do Sul, município vizinho de Rio Bonito do Iguaçu, de onde vieram cerca de 30 pessoas prestar solidariedade às famílias que perderam tudo.

Ela explica que o apoio dos assentados iniciou ainda na noite da passagem do tornado e destaca que é preciso reforçar o trabalho coletivo para ajudar o povo a superar os efeitos da catástrofe. “Hoje de manhã estamos com uma equipe mais organizada para doação. Ajudamos o pessoal da saúde social do município nesse processo de organização, distribuição e preparação também da alimentação”, explica Vieira.

“No movimento a gente teve sempre muito presente essa questão da solidariedade, né? Então, na medida do possível, a gente está trabalhando de forma coletiva e organizada, sem medir esforços para que a gente possa contribuir com o pessoal daqui, para que, aos poucos, eles consigam ir superando os desafios colocados por essa catástrofe que a gente está vivendo aqui município de Rio Bonito do Iguaçu”, completa a dirigente do MST.

‘É importante que as famílias fiquem alimentadas’

Também assentada do 8 de junho, Eliane Foss chegou a Rio Bonito do Iguaçu às 7h30 para colaborar na cozinha comunitária. Segundo ela, só no café da manhã foram atendidas cerca de 500 pessoas, em um esforço coletivo dividido entre várias organizações. 

“Ser solidário nessa hora é muito importante para ajudar as famílias. Toda ajuda que vier é bem-vinda: doações de roupas, cobertores, colchões, alimentos, produtos de limpeza e de higiene, porque todos estão precisando”, afirma Foss. 

A assentada Eliane Foss colabora na cozinha comunitária | Foto: Diangela Menegazzi / Comunicação Jornada de Agroecologia

Ao longo do dia, a equipe de voluntários formada pelas famílias do MST prepara sanduíches, café, chá, almoço, lanches da tarde e janta para garantir o básico às famílias. “É importante que as pessoas fiquem alimentadas para reconstruírem a si próprias, com entusiasmo, para levantar de novo pra luta. O que mais importa agora é a vida”, enfatiza a militante do MST.

Já o assentado Sadiel Amorim explica que a prioridade tem sido atender as famílias que estão nas áreas destruídas, limpando os escombros e sem condições de cozinhar.

“Desde as 6h estamos ajudando a montar a alimentação e organizar as doações que chegam ao município. Já fizemos entre 2 mil e 3 mil sanduíches só hoje de manhã, e o almoço está sendo preparado para 500 pessoas”, explica Amorim. 

Pedro Drabeski, também morador do Assentamento 8 de Junho, reforça a comoção que tomou conta da região e avalia que o trabalho solidário deve se estender por mais tempo. “Mais de 30 pessoas se compadeceram com o que aconteceu. Estamos aqui desde as 7h, organizando a alimentação, e convidamos outros assentamentos porque vai ter trabalho por mais de 10 dias”, diz o assentado. 

“As pessoas estão muito sensibilizadas em ajudar. Muitos voluntários já vieram e até se ofereceram para nos substituir amanhã. O pessoal está sendo muito solidário”, completa.

Os efeitos do tornado

No epicentro do ciclone, o Centro de Convivência dos Idosos de Rio Bonito do Iguaçu se transformou no principal ponto de apoio às famílias atingidas pelo tornado que devastou mais de 90% do município no início da noite de sexta.

Em meio à destruição de prédios públicos, casas e à busca por pessoas desaparecidas, a prioridade tem sido garantir alimentação, abrigo e condições mínimas de cuidado às famílias que perderam tudo.

A diretora de cultura de Rio Bonito do Iguaçu e coordenadora do espaço emergencial de doações, Daiane Oliveira, descreve a dimensão da tragédia e a força da solidariedade.

“O tornado durou um minuto, mas destruiu mais de 90% da cidade. A gente vê muita tristeza e a gente não fala muito porque dói. Predinhos públicos derrubados, casas derrubadas, pessoas que ainda não sabemos onde estão. Machuca ver a história do nosso município sendo derrubada pela questão climática. Diante desses desastres, a gente começa a reavaliar e refletir as nossas ações enquanto comunidade. Então é muito triste”, desabafa.

Diante da grande mobilização para ajudar na reconstrução do município, a Defesa Civil do Paraná orienta as pessoas e instituições a não enviarem doações para a cidade neste momento de primeiro atendimento emergencial. O órgão ressaltou que vai informar por meio dos canais oficiais, em parceria com a prefeitura, as principais necessidades e locais destinados para as doações.

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