Os laços entre Brasil e Cuba, a partir das ancestralidades africanas. Essa é a proposta da exposição “Mamáfrica”, inaugurada nessa terça-feira (9/12) no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. A mostra reúne 80 obras de 68 artistas, entre pinturas, esculturas e instalações, que abordam ancestralidade, espiritualidade, cotidiano, celebrações populares e expressões afro-latino-americanas. A exposição já passou por Salvador, São Paulo e Santos, e faz parte de um projeto de aproximação entre os dois países.
Algumas das obras de destaque são La trata del Esclavo, do artista cubano Pedro Luis Ramirez Garcia, que retrata homens escravizados mortos em um navio, e obras de arte Naif, de um coletivo de mulheres da Paraíba.
Oscar D’Ambrósio, um dos curadores da exposição, explica que a mostra reúne artistas cubanos e brasileiros, brancos e negros, de várias regiões, e explora as diferentes abordagens utilizadas por eles para retratar a herança recebida da África.
“A ideia é provocar essa discussão. Como é que os artistas cubanos recebem essa ancestralidade africana e como os artistas brasileiros trabalham isso. A maioria dos artistas brasileiros que foi convidado para a exposição, eles vão falar de como eles representam a África no Brasil. A festa popular, a comida, as relações de poder que se estabelecem no Brasil. Boa parte dos artistas cubanos, eles vão voltar para a origem africana. Então você vai ter o elefante, você vai ter a girafa, você vai ter a comunidade africana no seu ambiente”.
Na passagem pelo Rio de Janeiro, a exposição presta homenagem a duas referências fundamentais da cultura negra brasileira: Tia Ciata, líder religiosa e matriarca do samba carioca, e Heitor dos Prazeres, músico, compositor e artista visual, que eternizou em sua obra o cotidiano dos morros, favelas e rodas de samba. O curador fala sobre a escolha dos homenageados.
“Homenagear o Heitor dos Prazeres é porque ele abre caminhos. Se não fosse Heitor dos Prazeres, artista negro, de matriz popular, autodidata, músico, e essa exposição trabalha muito com a música também, não teríamos o conjunto de artistas que está aqui. Tia Ciata é totalmente vinculada à origem do samba, é a origem dessa cultura africana, principalmente no Rio de Janeiro, as escolas de samba, tudo isso que as pessoas sabem. Então, reverenciar os dois é trazer essa ancestralidade para dentro da exposição”.
A mostra “Mamáfrica – Ancestralidades Africanas entre Brasil e Cuba” fica em cartaz até 1º de março de 2026, no Paço Imperial, no centro do Rio de Janeiro, e depois segue para Brasília. A entrada é gratuita.
