Tarifa de Trump não tem precedentes e exige reação do Brasil no mesmo nível, diz Ricupero – CartaCapital

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou nesta quarta-feira 13 a revogação de vistos de funcionários do governo brasileiro. A justificativa para a nova ofensiva de Donald Trump contra a gestão do presidente Lula (PT) é o programa Mais Médicos.

Um comunicado oficial no site do Departamento de Estado informa a revogação dos vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-Assessor de Relações Internacionais da pasta e ex-diretor de Relações Externas da Opas.

No X, Rubio chamou o Mais Médicos de “fraude diplomática”.

“Ambos trabalharam no Ministério da Saúde durante o programa Mais Médicos e tiveram um papel no planejamento e na implementação do programa”, diz o Departamento de Estado. “Nossa ação envia uma mensagem inequívoca de que os Estados Unidos promovem a responsabilização dos que apoiam o esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano.”

Trump contra o Brasil

A Casa Branca não dá sinais de arrefecimento em sua ofensiva contra o Brasil. Desde a semana passada, vigora uma sobretaxa de 50% sobre diversos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos — embora haja uma lista com quase 700 exceções.

Também permanece a pressão sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e todo o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por liderar a tentativa de golpe de Estado em 2022.

Na quarta-feira 12, o governo Trump publicou um relatório no qual alega que a situação dos direitos humanos no Brasil “se deteriorou” em 2024 e acusa o governo brasileiro de reprimir a “expressão dos simpatizantes” de Bolsonaro.

A avaliação consta de um documento anual sobre direitos humanos modificado pelo Departamento de Estado para acomodar as prioridades de Trump em política externa.

O relatório norte-americano afirma que tribunais brasileiros bloquearam “o acesso à informação” nas redes sociais. Em 2024, Moraes suspendeu temporariamente o X no Brasil, até que a empresa do bilionário Elon Musk cumprisse determinações judiciais.

O ministro também suspendeu o Rumble, plataforma de vídeos popular entre a extrema-direita, por se recusar a bloquear a conta do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, residente nos Estados Unidos e considerado foragido no Brasil.

Segundo Washington, Brasília também reprimiu manifestações “politicamente prejudiciais sob o argumento de que constituíam ‘discurso de ódio’”.

Entre os supostos problemas de direitos humanos citados no relatório estão “tortura ou tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes, prisões ou detenções arbitrárias e graves restrições à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa”.

O governo de Donald Trump desconhece — ou ignora — os elementos obtidos pela Polícia Federal que sustentam a denúncia da Procuradoria-Geral da República na ação do golpe.

No mês passado, o procurador‑geral da República, Paulo Gonet, enviou as alegações finais ao STF e reafirmou o pedido de condenação de Bolsonaro e dos outros sete réus do núcleo crucial da trama. Para o Ministério Público, o ex‑presidente era “o principal articulador, maior beneficiário e autor dos atos mais graves” contra a democracia.

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