O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) chamou de “ladrão de creche” o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Foi uma referência ao surgimento de um vídeo em que uma mulher investigada no caso conhecido como “máfia das creches” diz que Nunes teria recebido, quando era vereador, verba pública desviada de creches.
Falcão é um dos cabeças da futura campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura paulistana. Nunes é candidato à reeleição. “Pô, Nunes! Ladrão de creche! Que fim de carreira”, escreveu o deputado no X, o ex-Twitter.
A existência do vídeo foi noticiada pela Folha de S. Paulo. A ala petista da futura campanha de Boulos (a candidata a vice na chapa será do PT, Marta Suplicy) considera que o teor do vídeo é grave, mas não teve a repercussão merecida na mídia. Agora torce para que as conclusões da Polícia Federal (PF) ajudem a esquentar o caso.
A PF finalizou a apuração sobre a “máfia das creches” e concluiu, em relatório de 30 de julho, que houve desvio de dinheiro público destinado a creches. A polícia identificou ainda pistas de lavagem de dinheiro por parte de Nunes e defendeu que a apuração sobre o prefeito seja aprofundada.
Boulos compartilhou no X uma reportagem do jornal O Globo. Também havia comentado anteriormente o vídeo divulgado pela Folha: “Estarrecedor”.
No inquérito, a PF aponta ligações suspeitas de Nunes, no tempo em que era vereador, com uma entidade chamada de Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria).
A presidente da associação, Elaine Targino da Silva, foi funcionária de uma empresa da família de Nunes, a Nikkey Serviços. As sócias da Nikkey são a esposa (Regina Carnovale Nunes) e a filha (Mayara Barbosa Nunes) do prefeito.
No vídeo revelado pela Folha, uma mulher de nome Rosângela Crepaldi diz que Nunes e a Nikkey receberam por serviços nunca prestados a certas ONGs. Tais ONGs eram pagas pela prefeitura para administrarem creches. Elas estão no centro da “máfia” e das investigações da PF.
O vídeo não faz parte do inquérito policial e, segundo o advogado de Rosângela, teria sido gravado por razões de segurança, não para vir a público.