
A nova edição da pesquisa “O Corre do MEI”, da MaisMei, indica que o comércio segue como o principal segmento das microempreendedoras brasileiras. O estudo analisou 5.640 respostas e mostrou que 44% dos cerca de 16 milhões de CNPJs MEI ativos pertencem a mulheres. Entre elas, 27,8% atuam em vendas, seguidas por serviços de beleza e estética (16,76%) e alimentação (14,96%).
Logo em seguida, o levantamento detalha a composição racial das empreendedoras: 53,9% se identificam como negras (com 42,1% pardas) e 43,3% como brancas. A faixa etária mais presente está entre 35 e 44 anos (31,7%). Em termos de escolaridade, 37,6% concluíram o ensino médio e 20,9% têm ensino superior.
Perfil das microempreendedoras
Segundo Kályta Caetano, contadora especializada em MEI na MaisMei, muitas mulheres iniciam seus negócios já com conhecimento prévio da área. Ela explica que a busca por independência financeira impulsiona a formalização e fortalece atividades que ganham respaldo do regime simplificado.
“As empreendedoras buscam autonomia e criam uma relação direta com os benefícios do MEI, como impostos menores e acesso à previdência. Isso assegura aposentadoria e salário-maternidade”, afirma Kályta Caetano.
Mesmo assim, o estudo revela barreiras significativas. A desigualdade salarial aparece com força entre mulheres e homens MEI. A faixa de faturamento mensal mais comum entre microempreendedoras é de até 4 mil reais, com 23,2% recebendo menos de 2 mil e 26,6% entre 2 mil e 4 mil reais.
Diferença de renda
Kályta Caetano observa que, mesmo com maior escolaridade em relação aos homens MEI, as mulheres permanecem em faixas de renda menores. Apenas 16,3% delas faturam acima de 4 mil reais, enquanto entre os homens esse percentual chega a 33,1%.
Considerando rendimentos acima de 6 mil reais, 11,3% dos homens alcançam esse patamar, ante apenas 4,9% das mulheres. Esses números reforçam a diferença de renda no universo do microempreendedor individual.
Comércio, motivações e rotina de trabalho
A pesquisa mostra que a “vontade de ter o próprio negócio” é citada por 26,11% das respondentes como principal motivação. A busca por formalização aparece em 18,99% das respostas. O aumento de renda (10,65%), a flexibilidade de horários (7,70%) e os benefícios fiscais e previdenciários (7,15%) também influenciam a decisão de empreender. Outras motivações somam 29,39% das respostas.
Além disso, a MaisMei registra que 39,5% das mulheres dedicam menos de 20 horas semanais ao negócio, o que aponta para rotinas divididas com outras responsabilidades e jornadas múltiplas.
Kályta Caetano afirma que, apesar dos avanços, ainda há necessidade de políticas públicas e iniciativas focadas no empreendedorismo feminino para reduzir barreiras estruturais enfrentadas por essas mulheres.
O estudo reforça que o papel das mulheres MEI seguirá central na dinâmica do pequeno negócio no Brasil, com o comércio mantendo posição de destaque entre as atividades desenvolvidas.
