O 12º Fórum de Cooperação China–Ásia Central, realizado em Urumqi, capital da Região Autónoma Uigur de Xinjiang, no noroeste da China, chegou ao fim com o anúncio de 13 novos projetos nas áreas de comércio, educação e sustentabilidade. A cidade, que faz fronteira com Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Turcomenistão, sediou quatro dias de debates entre representantes de governos, empresas e universidades dos países. O evento reuniu líderes, empresários e pesquisadores para discutir estratégias de combate à pobreza, inovação e desenvolvimento regional.
Mais de 300 delegados participaram do encontro. Entre painéis e mesas-redondas, foram debatidos temas como comércio, educação, agricultura, tecnologia e redução da pobreza, em um ambiente de cooperação e integração.
Durante o fórum, foram lançados 13 projetos de cooperação, incluindo a criação de um centro em Xinjiang voltado à redução da pobreza, ao intercâmbio educacional e à prevenção da desertificação. As iniciativas incluem programas de capacitação, incentivo à agricultura sustentável e apoio à educação, reforçando o compromisso dos países participantes com o desenvolvimento social e ambiental.
No campo econômico, o comércio entre a China e os cinco países da Ásia Central somou US$ 94,8 bilhões em 2024, sendo US$ 43,8 bilhões apenas com o Cazaquistão. A meta é alcançar US$ 100 bilhões nos próximos anos.
A vice-presidente da Câmara Legislativa do Uzbequistão, Rahim R. Hakimov, destacou a importância das relações com a China durante o encontro.
“Cerca de 4.500 empresas com investimento chinês estão operando em nosso país. Estamos focando em energia verde, infraestrutura de transporte, tecnologia digital, processamento de matérias-primas, engenharia química, agricultura e turismo”, pontuou.
A área educacional também avançou, com universidades e institutos firmando parcerias para intercâmbio de estudantes e cooperação científica.
Xinjiang: tradição milenar e ponte estratégica
Com uma história milenar e localizada na antiga Rota da Seda, Xinjiang é considerada um elo entre o Oriente e o Ocidente. A província abriga diversos grupos étnicos, como uigures, cazaques, quirguizes e tajiques, que preservam tradições e patrimônios culturais.
Segundo o governo chinês, cerca de US$ 5 bilhões foram investidos em 2024 em infraestrutura e inovação tecnológica na região, em paralelo à preservação cultural.
Na abertura do fórum, a vice-secretária-geral da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), Piao Yangfan, reafirmou o papel estratégico da província na região.
“Xinjiang, com sua proximidade geográfica e cultural, recursos e potencial de desenvolvimento, tem desempenhado papel importante na promoção da cooperação econômica, manutenção da segurança e estabilidade regional, conectividade e intercâmbio entre os povos.”
Fórum se consolida como espaço multissetorial
Desde sua criação, o Fórum de Cooperação China–Ásia Central ampliou seu escopo. De encontros voltados à infraestrutura e comércio, evoluiu para um espaço multissetorial, que inclui educação, ciência, tecnologia e inclusão social. Na edição anterior, foram anunciados 35 projetos, avaliados em aproximadamente US$ 1,57 bilhão.
O vice-primeiro-ministro do Quirguistão, Bakyt Torobayev, avaliou que “o mecanismo de cooperação China-Ásia Central tornou-se parte indispensável da colaboração regional, contribuindo para um planejamento coordenado para o desenvolvimento sustentável”.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, persistem desafios relacionados à segurança nas fronteiras, à estabilidade geopolítica e à diversificação econômica. Especialistas apontam a necessidade de desenvolver cadeias produtivas mais sustentáveis, ampliar o acesso à educação e fortalecer a mobilidade de talentos. A pauta ambiental segue no centro das discussões, com ênfase em transporte inteligente, energias renováveis e agricultura moderna.
